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Polícia

Complexos do Alemão e da Penha terão, ao todo, 13 UPPs

27 mar 2012 - 07h52
(atualizado às 13h03)
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

O coordenador operacional das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro, coronel Lima Ferreira, garantiu nesta quarta-feira que o conjunto de favelas do Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense, receberão um total de 13 UPPs. As duas primeiras, nas comunidades da Fazendinha e Nova Brasília, serão inauguradas em até dez dias, ainda de acordo com o coronel. O processo de transição entre o Exército e a Polícia Militar ocorre desde o fim da madrugada de hoje e tem previsão de término no dia 27 de junho.

Primeiras viaturas da Polícia Militar dentro da base antes dominada pelo Exército
Primeiras viaturas da Polícia Militar dentro da base antes dominada pelo Exército
Foto: Giuliander Carpes / Terra

"Esperamos implantar duas UPPs a cada final de mês", explicou Lima Ferreira. Ele ressaltou que um terço do efetivo de 300 policiais que atuarão nas duas comunidades, neste início de trabalho de ocupação pela PM, são oriundos de outras unidades em funcionamento - e por isso já têm conhecimento de causa no trabalho de aproximação com os moradores.

"São soldados com experiência neste tipo de trabalho. Estes antigos passam tranquilidade para os novatos e essa é uma experiência que já deu certo no Vidigal e na Mangueira", explicou. Os espaços físicos que servirão de base para as unidades também já estão encaminhados: as UPPs da Vila Cruzeiro, morro da Baiana, do Sereno e da Fé estão 80% concluídas, segundo o coordenador.

Em entrevista à rádio CBN, o governador Sérgio Cabral (PMDB) garantiu que todas as unidades ficarão prontas de acordo com o cronograma traçado pela secretaria de Segurança Pública. "Algumas sedes já estão prontas, outras em construção, tudo seguindo um planejamento feito pelo secretário (José Mariano) Beltrame", afirmou Cabral.

"É evidente que existem as viúvas do tráfico, gente de fora da comunidade, que fica tentando minar o trabalho da polícia e do governo do Estado. Isso quebra uma série de lógicas que permaneceram por anos. Quem é que tem a ilusão que a Rocinha, que depois de quatro meses de retomada apenas, de um território que ficou abandonado por 30 anos, teria uma realidade de paz?", indagou o governador em entrevista a CBN.

Troca nas forças de segurança tem início

A operação no complexo do Alemão envolve 750 homens da Polícia Militar e três helicópteros, sendo um blindado. Até o momento, três suspeitos de ligação com o tráfico foram presos, de acordo com a PM. O Exército, presente no local desde o final de 2010 liderando a força de pacificação, também participa do processo de transição.

De acordo com nota divulgada pelo Comando Militar do Leste, a transição será de forma gradativa, começando pelas comunidades da Fazendinha e Nova Brasília até chegar ao Complexo da Penha.

A Secretaria de Segurança Pública do Rio toma a decisão de apressar a implantação da UPP do Alemão em momento de instabilidade do sistema. Recentemente foram divulgados vídeos que provam que o tráfico de drogas continua agindo no local. Durante a visita do Príncipe Harry ao local, no início do mês, houve troca de tiros. E outra favela importante que ainda espera um UPP, a Rocinha, tem registrado frequentes distúrbios, como a morte de um líder comunitário acusado de envolvimento com o tráfico na tarde de ontem.

Varreduras

O diretor do Instituto Raízes em Movimento, Alan Brum, questiona a necessidade de varreduras na área. Segundo ele, os moradores das favelas estão apreensivos e temem possíveis violações de direitos. A organização não governamental atua no Alemão há mais de dez anos.

"Se o Exército já está aqui há tanto tempo, nosso questionamento é sobre a necessidade de uma varredura pelo Bope. Os locais mais problemáticos em relação à violência já estão mapeados e são de conhecimento público. Todos aqui estão muito apreensivos e há tensão por parte dos moradores", afirmou.

Nas últimas semanas, o Exército mudou a tática de atuação no Alemão e reforçou as revistas em todos os acessos às favelas da localidade. De acordo com o coronel Fernando Fantazzini, relações públicas da Força de Pacificação, a nova estratégia, no entanto, não estava relacionada à entrada do Bope, mas apenas a uma alteração rotineira para dar mais efetividade às ações.

"Não podemos atuar sempre da mesma forma. Temos que mudar as estratégias para garantir sempre a efetividade e a segurança das nossas ações", disse o policial militar. Ele garantiu também que não houve aumento no número de homens que ocupam o conjunto de favelas, atualmente em 1,6 mil, e disse que a nova tática não trouxe prejuízo ao patrulhamento no interior das comunidades para coibir o comércio de drogas.

Moradores confirmaram que foram intensificadas as revistas nas entradas e saídas das favelas, mas sem registro de agressividade ou abusos de militares do Exército.

Com informações da Agência Brasil

Fonte: Terra
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