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Polícia

PR: presos por manter site racista planejavam ataque na UnB

22 mar 2012 - 14h21
(atualizado às 14h38)
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Joyce Carvalho
Direto de Curitiba

Os dois presos nesta quinta-feira na Operação Intolerância, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em Curitiba (PR), planejavam um ataque contra estudantes da Universidade de Brasília (UnB), segundo a polícia. Os agentes que cumpriram os mandados de busca e apreensão encontraram um mapa de uma casa de eventos que serve de local de reunião dos alunos. "Há indicativos de que haveria um ataque após o Carnaval. As mensagens dizem que dariam um tratamento àquele 'câncer', fazendo referência aos estudantes, quando eles estivessem reunidos no local", disse o delegado Wagner Mesquita, da PF no Paraná.

As informações estão no site silviokoerich.org, hospedado na Malásia, mas mantido supostamente por Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello. Os dois foram presos hoje acusados de usar a internet para espalhar mensagens de apologia de crimes graves e da violência, principalmente contra mulheres, negros, homossexuais, nordestinos e judeus, além da incitação do abuso sexual de adolescentes.

O site ainda está no ar. As autoridades brasileiras dependem do governo da Malásia para a desativação da página na internet.

De acordo com a PF, o 'câncer' citado no site seriam estudantes de Ciências Sociais que possuem ideias contrárias aos dos suspeitos sobre liberdade sexual e direitos de outros grupos. "Os estudantes eram chamados de esquerdistas. A Polícia Federal já tomou providências e havia avisado a universidade para reforçar a segurança no campus", afirmou Flúvio Cardinelle Oliveira Garcia, chefe do núcleo de repressão a crimes cibernéticos da PF no Paraná.

Conforme mostra o texto na página da internet, o ataque na Universidade de Brasília seria semelhante ao massacre ocorrido na escola de Realengo, no Rio de Janeiro, em abril do ano passado. De acordo com Garcia, há indícios de que houve troca de informações dos dois presos com o assassino Wellington Menezes de Oliveira, que matou 12 crianças em Realengo. No entanto, a PF ainda não tem confirmação sobre o contato entre eles.

Além de referências a um suposto ataque na UnB, o site postou manuais de como cometer assassinatos, esconder armas e até mesmo abordar crianças para abuso sexual. Entre as ideias defendidas pelos suspeitos está a de "estupro corretivo" para lésbicas. "Existem indicativos de que as ofensas também eram reais e não apenas virtuais. Os dois respondem por isto. Há boletins de ocorrência por agressão e ameaças. Um deles foi condenado por discriminação na internet em 2005", disse Garcia.

A página na internet ainda traz ameaças de morte contra o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e ofensas contra a presidente da República, Dilma Rousseff, além de outras personalidades do País. No site também há imagens fortes de pessoas mortas e de corpos decapitados, além de pornografia infanto-juvenil. A PF acredita no envolvimento de outras pessoas na alimentação da página.

Marcelo Mello residia em Brasília e estava hospedado em um hotel em Curitiba, onde pretendia morar. A PF encontrou com ele um contrato de locação de um apartamento. Emerson Rodrigues é morador de Curitiba e foi preso em casa. "Os dois são de classe média para classe média alta. E um deles é prestador de serviços para um importante órgão federal", disse Garcia. Os dois presos devem responder por incitação à prática de crimes, discriminação e divulgação de imagens de pornografia infanto-juvenil.

Fonte: Terra
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