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Política

Guerra deve ser banida na América do Sul, diz ministro da Defesa

9 mar 2012 - 23h01
(atualizado às 23h04)
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O ministro da Defesa, Celso Amorim, voltou a defender nesta sexta-feira o modelo de política de defesa adotado pelo Brasil, baseado na cooperação com os países sul-americanos. Amorim afirmou que essa cooperação já mostra resultados concretos, levando as nações do continente a obter ganhos que não seriam possíveis por meio de ações isoladas.

Segundo ele, o Brasil está convicto de que, na América do Sul, a guerra como solução das diferenças entre países pode e deve ser banida. Ele também defendeu a cooperação na área de defesa com os países da costa ocidental da África que integram o entorno geopolítico do Brasil. "Devemos construir com essas regiões um verdadeiro cinturão de boa vontade, que garanta a nossa segurança e nos permita prosseguir sem embaraços no caminho do desenvolvimento", disse.

As declarações do ministro da Defesa foram proferidas nesta manhã durante aula magna ministrada a alunos dos cursos de altos estudos militares das Forças Armadas e da Escola Superior de Guerra (ESG). A aula ocorreu no auditório da Escola de Guerra Naval (EGN), no bairro da Urca.

Na avaliação de Amorim, a cooperação em defesa com os países sul-americanos já vem ocorrendo na prática. "A criação de um ambiente de paz e cooperação na América do Sul progrediu muito nos últimos anos", afirmou. Para o ministro, o fortalecimento da relação Brasil-Argentina e a criação, no âmbito da Unasul, do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) são reveladores do aprofundamento dessa cooperação.

Ele citou exemplos de iniciativas em curso entre os países do continente que mostram a evolução positiva das relações no campo da defesa, tais como exercícios combinados e projetos de cooperação industrial com a Argentina, além da parceria com o Chile na missão de paz no Haiti.

Ainda como exemplo, Amorim lembrou o trabalho conjunto com países vizinhos nas áreas de fronteira, como o que vem ocorrendo nas operações Ágata, iniciadas no ano passado para combate ao crime transnacional.

O ministro também mencionou a participação de países como Argentina e Colômbia em projetos conjuntos de desenvolvimento de equipamentos militares, a exemplo do avião cargueiro militar KC-390, da Embraer.

Sistema de segurança internacional

Ao tratar, em sua exposição, do fim das hegemonias e do crescimento da multipolaridade no mundo, Amorim ponderou que a defesa deve estar preparada para a hipótese de que o sistema de segurança coletivo baseado em normas falhe. Essa possibilidade, afirmou, é uma das razões pelas quais o Brasil e seus vizinhos sul-americanos devem fortificar sua capacidade de defesa. "Por isso, nossa estratégia regional cooperativa deve ser acompanhada por uma estratégia global dissuasória frente a possíveis agressores", sustentou.

O ministro chamou atenção para o fato de a América do Sul possuir valiosas riquezas, tais como petróleo e água, ativos que, segundo ele, podem se tornar objeto de competição internacional. "Nada garante que a rivalidade entre potências de fora de nossa região não tenha rebatimento em áreas de nosso direto interesse", advertiu, acrescentando a importância de os países sul-americanos terem Forças Armadas bem adestradas e equipadas.

Ainda em sua exposição, Amorim mencionou a relação existente entre a base industrial de defesa e o desenvolvimento nacional. De acordo com o ministro, as ações em curso no Brasil com o objetivo de alavancar essa base industrial terão como consequência direta a geração de empregos, a capacitação nacional e o desenvolvimento de setores tecnológicos de ponta.

Como parte do esforço empreendido pelo governo para incentivar esse segmento industrial, ele citou a recente aprovação, pelo Congresso brasileiro, de medida provisória que estabelece regras especiais e regime tributário diferenciado para o setor. Para o ministro, o fortalecimento da indústria de defesa auxiliará o trabalho de recomposição da capacidade operativa das Forças Armadas.

Ao final de sua exposição, o ministro reiterou parte das declarações que fez no início da semana após sair de uma audiência no Senado Federal. "Na democracia, o respeito que os militares devem ao poder civil é axiomático", disse, concluindo que "ao mesmo tempo, cabe às autoridades civis respeitar e valorizar o trabalho desenvolvido pelos militares, sobretudo o seu agudo senso de profissionalismo".

Fonte: Terra
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