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Com verba de R$ 110 mi, bondes de Santa Teresa voltam em 2014

24 fev 2012 - 12h01
(atualizado às 13h15)
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

Após acidente que matou seis pessoas e deixou mais de 50 feridas em agosto, o governo do Rio de Janeiro anunciou na quinta-feira o projeto de revitalização do sistema de bondes do tradicional bairro de Santa Teresa. Serão investidos R$ 110 milhões para reformar e aumentar toda a linha que vai da região até o trem que leva ao Corcovado. Mas o serviço só deve recomeçar a funcionar no primeiro trimestre de 2014, quando completa dois anos e meio de interrupção.

"O prazo pode até diminuir, mas vai depender da aquisição dos bondes. Só vamos botar o sistema para funcionar quando tivermos tudo remodelado. Não vamos fazer nada pela metade e nem improvisar", afirmou o secretário-chefe da Casa Civil Regis Fichtner.

Santa Teresa terá 14 novos bondes - no final do sistema, eram apenas quatro -, mas a capacidade de cada um será diminuída em comparação aos antigos. Se antes se chegava a permitir até 80 pessoas em cada carro, superlotação que tornava o serviço ainda mais perigoso, agora vão viajar no máximo 24. Não será mais possível ficar em pé dentro dos bondes, assim como transitar com o corpo para fora dos carros, o que causou a morte de outro turista sob os arcos da Lapa.

"A diminuição do número de passageiros por bonde vai ser compensada por menor intervalo. Estamos fazendo estudos para ver o tamanho dos intervalos", explica Fichtner. "O que precisa ficar claro é que o bonde não é um transporte de massa, mas que se quer preservar pelo caráter histórico e turístico." Antes do serviço ser interrompido, eram transportadas cerca de 6 mil pessoas por mês nos bondes de Santa Teresa.

Os moradores reclamam que perderam o melhor meio de transporte do bairro, cuja malha de ônibus é pequena e pouco eficiente. "A ausência do bonde matou o bairro", aponta o poeta e escritor Jorge Salomão, que aproveitou o desfile do bloco Carmelitas, durante o Carnaval, para protestar contra a interrupção do serviço.

O governo estadual promete subsidiar a passagem e, em convênio com a prefeitura, melhorar as opções de transporte de massa para o bairro. "Estamos conversando para termos transportes complementares. Também não há decisão sobre o valor do ingresso", garante o secretário-chefe da Casa Civil. "Mas os moradores podem ficar tranquilos que temos noção de que esse é um tipo de sistema que precisa ser subsidiado pelo Estado. A passagem não remunera o serviço, mas ele será mantido pelo seu valor histórico e turístico". O projeto não prevê bonde exclusivo para turistas.

A Associação dos Moradores de Santa Teresa (Amast) também alega que faltou diálogo do governo antes de lançar o projeto de reestruturação. O secretário responde com irritação. "Se eu for discutir cada item com os moradores de Santa Teresa vamos ficar discutindo por 10 anos e não vamos chegar a lugar nenhum. Nos reunimos algumas vezes e levamos isso em conta para o projeto, mas não posso discutir cada item do edital", afirmou.

A reformulação dos bondes permitirá a reativação do traçado original possibilitando integração com o trem de Corcovado até estação Silvestre. Enquanto o traçado atual tem 7,2 km, o futuro chegará a possuir 10,5 km feitos sobre trilhos bilabiais, que são mais seguros que os monotrilhos, e o modelo utilizado pela empresa Carris de Lisboa, em Portugal, que opera um sistema muito maior que o de Santa Teresa e deu consultoria técnica no projeto.

"Com isso estamos reforçando o aspecto histórico do bonde de Santa Teresa, já que os trilhos antigos também eram assim", explica Carlos Eduardo Carneiro Macedo, diretor-presidente da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central). Os quatro bondes do sistema antigo não voltarão a entrar em circulação e devem acabar em museus.

Novos bondes abrigarão no máximo 24 passageiros
Novos bondes abrigarão no máximo 24 passageiros
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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