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Polícia

Advogada usará tese de que Lindemberg é 'bom rapaz'

13 fev 2012 - 09h51
(atualizado às 17h08)
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Marina Novaes

Vagner Magalhães

Direto de Santo André

A advogada Ana Lúcia Assaf, que fará a defesa de Lindemberg Alves Fernandes no julgamento que se inicia nesta segunda-feira pela morte de Eloá Pimentel, vai utilizar a tese de que o acusado é um "bom rapaz". A defensora alegou que ele não está sendo julgado de forma correta.

Relembre o cárcere privado mais longo do Estado de São Paulo

"Ele não se sente julgado de forma correta. Eu recorri em todas as instâncias, para que ele aguardasse em liberdade. Ele é réu primário, tinha dois empregos e nunca havia pisado em um tribunal", afirmou a advogada.

A defensora, que disse que o réu deve falar ao júri hoje, lembrou o caso do jornalista Pimenta Neves, condenado pela morte da namorada, Sandra Gomide, em 2001. Neves aguardou o julgamento em liberdade. "Então são dois pesos e duas medidas. Porque ele é pobre, morador de periferia e está sendo crucificado."

Ana Lúcia aproveitou para criticar o trabalho da imprensa na cobertura do caso, desde o cárcere privado até após a morte de Eloá. "Sempre é mais difícil para a defesa, porque parte da imprensa, que chamo 'a imprensa marrom', atrapalhou bastante o nosso trabalho." A defensora pretende usar trechos do filme Sem Vestígios, que narra a história de um sequestrador que transmite pela internet imagens de suas vítimas, condicionando suas mortes ao número de acessos. Na trama, quanto mais pessoas assistindo, maiores eram as chances das sequestradas morrerem.

A expectativa da advogada é que os jurados ouçam o que o réu tem a dizer. "Eu espero que os jurados venham desarmados, com o coração aberto, prontos para receber a versão do menino."

O mais longo cárcere de SP

A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo.

Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas - Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.

Fonte: Terra
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