Tumor de Lula não aparece mais em tomografia, dizem médicos
12 fev2012 - 13h04
(atualizado às 17h51)
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Marina Novaes
Direto de São Paulo
Uma tomografia realizada no sábado não mostrou o tumor que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta na laringe desde outubro, informaram neste domingo os médicos do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde ele está internado desde ontem. Apesar do exame não ser conclusivo, a equipe afirmou que Lula tem respondido de maneira "excelente" ao tratamento para combater o câncer.
Segundo os oncologistas Paulo Hoff e Artur Katz, ainda não é possível afirmar que o tumor desapareceu completamente, já que a tomografia de tórax não é o exame específico para detectar o sucesso do tratamento. Porém, o fato de o tumor não ter sido visualizado ontem já é uma ótima notícia, disseram os especialistas. A tomografia de tórax foi realizada apenas com o intuito de verificar se havia uma inflamação no pulmão, o que não foi detectado.
"Obviamente que, ao fazer a tomografia e não se enxergar o tumor na tomografia, embora seja uma avaliação mais rudimentar, evidentemente que é um excelente resultado, um resultado que nos alegra muito", disse Katz.
O exame próprio para identificar a redução do tumor na laringe será realizado dentro de quatro a seis semanas após o fim da radioterapia, cuja última sessão está prevista para a próxima sexta-feira. Lula foi internado ontem após apresentar uma inflamação na laringe e no esôfago. De acordo com os médicos, o mal estar nessa fase do tratamento é normal e até esperado.
"Esse tipo de reação não só era esperada mas, no caso do ex-presidente, essa reação está sendo até mais leve do que costuma ser, e isso nos deixa muito feliz. Esse tipo de impacto, de alteração, era absolutamente normal", ressaltou Katz.
De acordo com o médico Paulo Hoff, Lula está "muito animado e confiante" com a evolução do tratamento. Entretanto, ainda não há previsão de alta e os médicos não descartam a possibilidade de mantê-lo internado até a próxima sexta.
"Nós vamos avaliar isso diariamente, para definir em que momento é mais conveniente essa saída. Como a gente brincou, nós estamos aos 42 minutos do segundo tempo e o jogo está ao nosso favor. Então, nós precisamos jogar com muita serenidade para continuar a vencer", completou Katz.
A comparação da doença com um jogo de futebol não é coincidência. Durante todo o dia, Lula tem demonstrado ansiedade pela partida entre Corinthians e São Paulo pelo Campeonato Paulista, que acontece hoje à tarde. Lula é corintiano fanático.
Segundo boletim médico divulgado pelo hospital na tarde deste domingo, o ex-presidente está "clinicamente bem e realizando tratamento fonoaudiólogo, fisioterápico, hidratação endovenosa e assistência nutricional, alimentando-se por via oral. Deverá retomar o tratamento radioterápico amanhã, como planejado".
O câncer de Lula
Após queixa de dores de garganta, Lula realizou uma série de exames na noite de 28 de outubro. Na manhã do dia seguinte, foi divulgado boletim médico do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, informando que foi diagnosticado um tumor maligno na laringe, que seria inicialmente tratado por quimioterapia.
O câncer na região da laringe é mais comum entre homens e o de maior incidência na região da cabeça e pescoço. Os principais fatores que potencializam a doença são o tabagismo e o consumo de álcool. Já os sintomas são: dor de garganta, rouquidão, dificuldade de engolir, sensação de "caroço" na garganta e falta de ar.
Veja nas fotos a seguir os políticos que são ou já foram pacientes do cardiologista Roberto Kalil Filho
Foto: Agência Brasil e Agência Senado / Art by Terra
Lula - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi diagnosticado com um tumor maligno na laringe dois dias após completar 66 anos, em outubro de 2011. Lula se queixava de rouquidão e dor de garganta, quadro que fez com que Roberto Kalil Filho o aconselhasse a fazer exames. O líder petista iniciou tratamento quimioterápico em São Paulo
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
Dilma Rousseff - A presidente recebeu, em abril de 2009, o diagnóstico de linfoma - um tipo de câncer com origem no sistema linfático - e passou por cirurgia para a retirada de um tumor de cerca de 2 cm embaixo da axila. Ela perdeu parte do cabelo e chegou a usar uma peruca durante o tratamento, coordenado por Kalil Filho. Quatro meses depois, os médicos informaram que ela estava livre do câncer
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
José Alencar - O ex-vice-presidente da República foi diagnosticado com câncer em 1997. Durante a batalha contra a doença, até ser vencido em março deste ano, o político passou por diversas internações no Hospital Sírio-Libanês, onde era assistido por Kalil Filho
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
José Sarney - O presidente do Senado foi internado em abril de 2010 no Hospital Sírio-Libanês para uma cirurgia de retirada de um cisto benigno no lábio superior. A operação, que não prejudicou o bigode característico do político, foi acompanhada por Kalil Filho
Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado
Mendes Ribeiro Filho - Ministro da Agricultura desde agosto de 2011, o gaúcho se afastou das atividades em Brasília para se submeter a uma cirurgia para retirada de um tumor diagnosticado no cérebro. Uma das equipes que assistiu o político no Hospital Sírio-Libanês foi coordenada por Kalil Filho. O ministro já havia passado por uma cirurgia para retirar um tumor cerebral
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Marisa Letícia - A ex-primeira-dama é atendida por Roberto Kalil Filho desde que seu marido, Lula, se tornou paciente do cardiologista
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
José Eduardo Cardozo - O ministro da Justiça foi internado em junho de 2011 no Hospital Sírio-Libanês para ser submetido a uma cirurgia de hemorróidas, após sofrer um sangramento. Ele foi assistido pela equipe de Roberto Kalil Filho durante a internação
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Fernando Lugo - O presidente do Paraguai foi diagnosticado em agosto de 2010 com um linfoma não-Hodgkins (não agressivo). Ele foi a São Paulo fazer quimioterapia no Hospital Sírio-Libanês, onde foi atendido por Kalil Filho. No final do ano passado, os médicos declararam que os tumores haviam desaparecido
Foto: AP
Aloizio Mercadante - O então senador pelo PT de São Paulo, hoje ministro da Ciência e Tecnologia, passou por uma cirurgia para a extração da vesícula biliar, em junho de 2004, no Hospital Sírio-Libanês. A operação foi assistida pela equipe de Kalil Filho
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Eunício Oliveira - Em abril de 2004, o então ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, passou por tratamento com Kalil Filho no Hospital Sírio Libanês. O hoje senador pelo PMDB do Ceará havia sido internado em Brasília com um quadro de infecção urinária intensa
Foto: Roosewelt Pinheiro / Agência Brasil
Miriam Belchior - A ministra do Planejamento do governo Dilma Rousseff teve um pico de pressão alta em 1º de fevereiro de 2012, em Brasília, e foi levada para São Paulo para consultar com Kalil Filho