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Brasil responde por quase 8% dos transplantes do mundo

8 fev 2012 - 19h51
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Em uma década, o número de transplantes de órgãos e tecidos no Brasil aumentou mais de 100% e chegou a 23.397 cirurgias no ano passado. De acordo com o Ministério da Saúde, que divulgou os dados nesta quarta-feira, o número é quase 8% dos transplantes feitos em todo o mundo no mesmo período.

No período de dez anos, foram feitos 6.827 transplantes dos chamados órgãos sólidos, como coração, rim e fígado, e 16.570 de tecidos. As cirurgias de transplante que mais cresceram, em quantidade, foram as de medula óssea, córnea, fígado, pulmão e rim.

Para o governo, o aumento do número de transplantes está relacionado à ampliação da rede de captação de órgãos e à maior quantidade de doadores. Em 2011, eles chegaram a 11,4 por grupo de 1 milhão de habitantes - a meta para o fim de 2014 é elevar esse número para 15, semelhante a países que são referência em doação de órgãos.

Com mais doações e cirurgias, o tempo de espera por um órgão na fila dos transplantes caiu, em média, 23% em um ano. No caso do transplante de rim, a redução do tempo de espera foi 42%. No entanto, a fila por um transplante na rede pública de saúde ainda é extensa: há 27.827 pessoas. No Sistema Único de Saúde (SUS), os candidatos são chamados conforme a ordem da fila e a gravidade do caso.

"A única fila que pode acabar é a do transplante de córnea. O número de pessoas que necessitam desse transplante vai ficar menor e todas as pessoas que morrem podem doar as córneas", explicou José Medina, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

Metas

De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, as metas deste ano são expandir e melhorar a estrutura para os transplantes de coração e pulmão, considerados os mais complexos. Uma das dificuldades é o tempo curto que o coração pode ficar fora corpo humano, no máximo quatro horas. O rim, por exemplo, pode ficar armazenado por até 24 horas.

"É muito difícil manter um coração de forma adequada no doador vivo para ser transplantado. Em relação ao pulmão é a mesma coisa, é difícil manter um paciente que está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e possível doador com um pulmão adequado. Ele pode estar entubado (respirando com ajuda de aparelhos), o que aumenta o risco de infecções", disse Padilha.

A pasta estudará ainda proposta para ampliar a verba aos hospitais e centros de transplantes com bons resultados. Para este ano, a previsão do ministro é investir 10% a mais no sistema de transplantes em comparação com o ano passado, quando a verba chegou a R$ 1,3 bilhão.

Doações para estrangeiros

Em uma portaria publicada hoje, o governo fixou regras para o transplante de órgãos em estrangeiros que não vivem no País. Segundo o texto, nessas situações o doador precisa ser vivo e parente do paciente. No momento, a cirurgia pode ser feita somente na rede particular. No SUS, o procedimento só é autorizado se houver um acordo entre o Brasil e o País de origem do solicitante. Segundo Padilha, não existem acordos bilaterais vigentes com essa previsão.

"(O estrangeiro não residente) não disputa a fila de transplantes do SUS. Não entra na frente de nenhum brasileiro. A regra vem para coibir qualquer prática de tráfico de órgãos ou de doador vivo. Isso está condizente com os tratados internacionais", justificou.

As normas vêm para evitar que estrangeiros que vivem na região de fronteira e que buscam atendimento no País deixem de ser atendidos. Porém, o ministério não informou o tamanho da demanda. De acordo com José Medina, da ABTO, os casos são "pouquíssimos".

Agência Brasil Agência Brasil
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