Aborto é questão de saúde pública, diz nova ministra
7 fev2012 - 11h33
(atualizado às 13h40)
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Diogo Alcântara
Direto de Brasília
A nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Manicucci, defendeu nesta terça-feira a descriminalização do aborto como questão de saúde pública. Manicucci, no entanto, não quis expressar sua opinião pessoal sobre o tema após aceitar o convite de comandar uma pasta do governo Dilma Rousseff. "A minha posição pessoal a partir de hoje não diz respeito, não interessa", disse.
Segundo a edição de hoje do jornal Folha de S.Paulo, a nova ministra integra o Grupo de Estudos sobre o Aborto e já teria relatado ter se submetido à prática do aborto em duas ocasiões. Segundo o jornal, a ministra levaria sua convicção sobre a causa ao governo. Nesta manhã, Manicucci disse ter dados entrevistas "testemunhais" sobre o tema e que tem "tranquilidade nesse aspecto".
Para a nova ministra, o assunto não pertence ao governo, mas ao Congresso Nacional, que deve discutir a descriminalização do aborto. "A matéria da descriminalização do aborto é uma matéria que não diz respeito ao Executivo, diz respeito ao Legislativo", disse.
Eleonora Menicucci é socióloga e professora titular em Saúde Coletiva da Universidade Federal da São Paulo (Unifesp). Ela é amiga pessoal da presidente Dilma Rousseff, com quem dividiu cela no período do regime militar. Eleonora ficou presa de 1971 a 1973. Comparando as mortes de mulheres que fazem abortos clandestinos com drogas ou epidemia de HIV/Aids, a ministra considera o tema como questão de saúde pública.
"Como sanitarista, eu tenho de dizer que é uma questão de saúde pública, não é uma questão ideológica", alegou a ministra. ¿"Nenhuma pessoa de gestão que tenha sensibilidade, que ouça os números, não admite que as mulheres continuem morrendo em decorrência de aborto. Como nós não queremos que crianças continuem morrendo por falta de atendimento no parto", acrescentou.
A presidente Dilma Rousseff indicou ontem a escolha de Menicucci para comandar a pasta de Políticas para as Mulheres. Filiada ao PT, assim como sua sucessora, a nova ministra substitui Iriny Lopes, que vai concorrer à prefeitura de Vitória (ES). Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Dilma está insatisfeita com a atuação da pasta, que não teria conseguido "acertar o tom". Iriny protagonizou episódios polêmicos como a crítica ao comercial de lingerie estrelado por Gisele Bündchen. No fim do ano passado, durante a Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, houve desorganização em hospedagem e alimentação das participantes. A presidente Dilma Rousseff, na ocasião, demonstrou irritação.
Elas estão no primeiro escalão do governo da presidente Dilma Rousseff. Algumas já foram até substituídas, mas também por mulheres. Confira a galeria com a história e a função de cada uma delas
Foto: Terra
Gleisi Hoffmann, escolhida para substituir Antonio Palocci na Casa Civil, foi eleita em outubro de 2010 para o Senado pelo PT do Paraná. No partido desde 1989, Gleisi foi secretária na prefeitura de Londrina, participou da equipe de transição do governo Lula, em 2002, e foi diretora financeira de Itaipu. Ela também se candidatou ao Senado em 2006 e à prefeitura de Curitiba em 2006. É casada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo
Foto: Geraldo Magela / Agência Senado
Após uma gestão conturbada, Ana de Hollanda (dir.) foi demitida do Ministério da Cultura no dia 11 de setembro de 2012. A presidente Dilma Rousseff anunciou a senadora Marta Suplicy (esq.) como sua substituta. Ana estava no comando do ministério desde o início do mandato de Dilma. Sua gestão à frente do MinC foi marcada pela discrição, mas também por denúncias e deslizes.
Foto: Terra
Secretária de Comunicação Social, Helena Chagas coordenou a equipe de imprensa na transição de Dilma. Foi diretora de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e da sucursal do SBT. A jornalista deixou o O Globo em 2006, após ter o nome citado no escândalo de quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. Na época, o ex-ministro Antonio Palocci disse ter sido informado pela jornalista de que o caseiro havia recebido dinheiro. Ela nega o diálogo
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
Ideli Salvatti assumiu em janeiro o Ministério da Pesca, mas, em junho, trocou de pasta com o então ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. A política é uma das fundadoras do PT em Santa Catarina. Após atuação em sindicatos, foi eleita deputada estadual em 1994 e reeleita no pleito seguinte. Foi deputada federal no final da década de 1990 e integrou comissões de Educação e de Trabalho. Em 2002, chegou ao Senado, onde ocupou a função de líder por três vezes
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Iriny Lopes (dir.) deixou o comando da Secretaria de Políticas para Mulheres no dia 6 de fevereiro de 2012 para concorrer à prefeitura de Vitória (ES) pelo PT. Sua substituta, a socióloga Eleonora Menicucci de Oliveira (esq.), ficou presa junto com Dilma Rousseff nos anos 70, durante a ditadura militar
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil
Funcionária de carreira do Ibama desde 1984, Izabella Teixeira assumiu o Ministério do Meio Ambiente em março de 2010, após a saída de Carlos Minc, e permaneceu no cargo no governo de Dilma Rousseff. Nascida em Brasília, Izabella é bióloga, com mestrado em Planejamento Energético e doutorado em Planejamento Ambiental. Ela também atuou como secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente, de 2008 a 2009, e como secretária do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
Secretária de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário foi deputada federal pelo PT do Rio Grande do Sul por dois mandatos na Câmara. Foi relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Iniciou sua carreira política como vereadora em Porto Alegre (RS) por dois mandatos, sendo também deputada estadual por um mandato
Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil
Ministra do Planejamento, Miriam Belchior foi a responsável, na Casa Civil, pela coordenação das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), durante o governo Lula. Ex-mulher do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, assassinado em 2002, Miriam foi levada à Casa Civil em 2004, pelo então ministro José Dirceu. Chegou a ser envolvida nas investigações sobre casos de corrupção na gestão da prefeitura de Santo André, mas negou qualquer participação
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil
Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello foi subchefe de articulação e monitoramento da Casa Civil, onde se dedicou ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Fez carreira no Rio Grande do Sul, onde trabalhou na secretaria da Fazenda da prefeitura de Porto Alegre no final dos anos 1980. Além de cargos na prefeitura, a economista atuou no governo de Olívio Dutra
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Secretária de Igualdade Social, Luiza Bairros foi secretária de Promoção da Igualdade Racial na Bahia antes de ser convidada por Dilma Rousseff para integrar o primeiro escalão. Ela foi indicada pelo governador Jaques Wagner, que se comprometeu com o movimento negro baiano antes das eleições em fazer gestões junto à presidente