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Cidades

RJ: mulher diz que noivo ligou dos escombros durante madrugada

26 jan 2012 - 16h00
(atualizado às 23h16)
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"Oi, amor", foram as únicas palavras que Fábio conseguiu dizer à sua noiva, Tatiana, em uma curta chamada telefônica das ruínas de um dos três prédios comerciais que desabou no centro do Rio de Janeiro, o que mantém acesas as esperanças de seus familiares de encontrá-lo vivo.

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"Ele estava no prédio e às 3h chegou a falar com sua noiva por debaixo dos escombros. Ele disse "oi, amor" e a chamada foi cortada. É uma esperança", contou Francisco Adir, 58 anos, pai de um amigo de Fábio. Tatiana ficou sem palavras e, chorando, se jogou nos braços de uma amiga. Enquanto isso, continua a longa espera por notícias das equipes de resgate, que já encontraram cinco corpos.

Pelo menos 12 pessoas estão desaparecidas. Os trabalhos de busca com máquinas pesadas são realizados de maneira ininterrupta desde a noite de quarta-feira, quando três construções de 20, 10 e quatro andares desabaram por motivos ainda desconhecidos. Os prédios estavam localizados próximos à Cinelândia, no centro histórico da cidade, onde também está o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No local, familiares aguardavam notícias de seus desaparecidos. Alguns, desconsolados, foram ao Instituto Médico Legal (IML).

É o caso de Sandra Ribeiro Lopes. Seu pai trabalhava como porteiro no edifício de 20 andares e tudo indica que está entre as vítimas. "Encontraram o celular do meu pai no bolso de um dos corpos encontrados. Agora vou para o IML para fazer o reconhecimento", disse Sandra.

Vera dos Anjo Freitas chegou pouco tempo depois, procurando notícias de seu primo, Moisés Morais Silva, com quem se encontrou na avenida Treze de Março antes dos desabamentos. "Eu perguntei se ele queria que levasse alguma coisa para casa e ele me disse: 'sim, espera que vou buscar a minha mochila'. Então eu senti alguma coisa como granito caindo na minha cabeça e saí correndo", contou a empregada doméstica de 57 anos. "Eu não acho que eles estão vivos, estavam fora do prédio", acrescenta em lágrimas. Com Moisés estavam mais quatro colegas de trabalho.

Dezenas de curiosos se concentraram na área para fotografar com seus celulares o desastre, de onde sai uma poeira escura. Sobre as ruínas caminhavam os bombeiros guiados por seus cães, enquanto as retroescavadeiras retiravam escombros com movimentos quase cirúrgicos.

Na Cinelândia, circulam todos os dias milhares de pessoas mas, como no momento da tragédia a jornada de trabalho já tinha terminado, as autoridades acreditam que o balanço de vítimas não seja muito alto. "Estava no andar de baixo quando a porta do elevador se abriu e vi que o prédio estava caindo, foi horrível, não sei como tomei a decisão de voltar para o elevador. Isso foi o que me salvou, voltar para o elevador", disse Alessandro da Silva Fonseca, 31 anos.

As autoridades ainda não descobriram a causa do desastre, mas sustentam a tese de um problema estrutural. "O elevador estava sempre quebrado e ontem (quarta-feira) caía concreto pela boca do elevador", disse Victor Ferreira, 25 anos, que trabalhava no prédio Liberdade, o mais alto.

Os desabamentos

Três prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro por volta das 20h30min de 25 de janeiro. Um deles tinha 20 andares e ficava situado na avenida Treze de Maio; outro tinha 10 andares e ficava na rua Manuel de Carvalho; e o terceiro, também na Manuel de Carvalho, era uma construção anexa ao Theatro Municipal. Segundo a Defesa Civil do município, cinco pessoas morreram no acidente e outras 18 permanecem desaparecidas. Cinco pessoas ficaram feridas com escoriações leves e foram atendidas nos hospitais da região. Cerca de 80 bombeiros e agentes da Defesa Civil trabalham desde a noite do incidente na busca de vítimas em meio aos escombros. Estão sendo usados retroescavadeiras e caminhões para retirar os entulhos.

Segundo o engenheiro civil Antônio Eulálio, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), havia obras irregulares no edifício de 20 andares. O especialista afirmou que o prédio teria caído de cima para abaixo e acabou levando os outros dois ao lado. De acordo com ele, todas as possibilidades para a tragédia apontam para problemas estruturais nesse prédio. Ele descartou totalmente que uma explosão por vazamento de gás tenha causado o desabamento.

Com o acidente, a prefeitura do Rio de Janeiro interditou várias ruas da região. No metrô, as estações Cinelândia, Carioca, Uruguaiana e Presidente Vargas foram interditadas na noite dos desabamentos, mas foram liberadas após inspeção e funcionam normalmente.

Veja a localização do desabamento:

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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