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Polícia espalha e pedra une usuários de crack no centro de SP

6 jan 2012 - 10h01
(atualizado às 12h09)
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Vagner Magalhães
Direto de São Paulo

Desde que a polícia dispersou e desalojou centenas de usuários de crack da região da estação Júlio Prestes, o consumo da droga passou a ser itinerante no centro de São Paulo. Andando de um lado para o outro, os usuários se reúnem assim que alguém aparece vendendo as pedras. Mãos espalmadas recolhem a droga e alguns começam a consumir no próprio local. Mais alguns minutos, a chegada de uma patrulha dispersa o grupo. Pouco tempo depois as duas cenas se repetem e assim acontece durante todo o dia, sucessivamente.

Grupo usa droga mesmo após cerco à Cracolândia
Grupo usa droga mesmo após cerco à Cracolândia
Foto: Reinaldo Marques / Terra

É fato que a presença policial dificulta, mas está longe de impedir o tráfico na região. O objetivo da polícia é sufocar a venda das pedras. Com a droga escassa, acredita-se que os usuários passem a aceitar o atendimento de saúde de uma forma mais tranquila.

Três dias depois da incursão policial na Cracolândia, a limpeza nos prédios invadidos pelos viciados ainda não terminou. Caminhões repletos de lixo e entulho ainda são retirados. Por conta do mau cheiro, funcionários da prefeitura atuam de máscaras.

"Fica difícil imaginar como as pessoas conseguiam viver aqui dentro", diz um dos homens responsáveis pela limpeza. No comércio da região, a primeira sensação é de um certo alívio, mas ainda há muitas dúvidas sobre se em pouco tempo tudo não voltará à estaca zero.

O cruzamento das ruas Helvétia e alameda Cleveland, eixo central da Cracolândia até a última segunda-feira, em pouco lembra o cenário anterior. Ruas praticamente desertas e limpas, se comparadas à semana passada.

Vladimir Mozini, 40 anos, é professor e gerente de um centro de convivência recém aberto próximo à Estação Júlio Prestes. Lá, o atendimento é apenas para crianças e adolescentes. Ele conta que aos poucos vai se criando um vínculo com quem utiliza o serviço, mas ainda há muito por fazer.

"Aqui, trabalhamos com as portas abertas, diariamente, das 8h às 20h. Com a ação policial e a dispersão das pessoas, muitas crianças a adolescentes passaram a nos procurar. Temos notado que há um aumento na frequência e cada minuto que elas passam conosco já é considerado uma vitória", diz.

O local possui atendimento de psicólogos e assistentes sociais. Lá também é possível tomar banho e participar de atividades culturais. Quem passa parte do dia recebe um lanche. Aqueles que aceitam também são encaminhados para abrigos da Prefeitura.

Durante a manhã de quinta-feira, uma mãe passou pelo local à procura do filho de 16 anos, sem sucesso. Ela conta que há pouco tempo o encontrou na região da Cracolândia e tentou levá-lo para casa, no extremo leste da cidade. Não conseguiu. Ao chegar na estação de Metrô que o levaria para casa, ele desistiu e correu. Disse à mãe que se precisasse dela a procuraria. Não foi mais visto.

Fonte: Terra
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