Professor: sem investimentos, separatistas do PA ganharão força
12 dez2011 - 15h44
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O cientista político da Universidade Federal do Pará (UFPA) e professor Edir Veiga defendeu nesta segunda-feira que o governo do Estado faça um novo planejamento para as regiões que dariam origem aos Estados do Tapajós e de Carajás. Para o especialista, caso o governo do Pará não atenda às reivindicações locais, o movimento separatista se intensificará. A recomendação foi feita após a realização do plebiscito sobre a divisão do Estado em três, no qual 33,4% apoiaram a iniciativa, mas 66,6% rejeitaram.
O professor disse que é "muito maior a responsabilidade" do governo estadual em relação à execução de políticas públicas no Pará devido à discussão causada pela possibilidade de divisão da região. "O governo vai ter que fazer planejamento integrado, de longo prazo, para demonstrar para essas regiões que não basta o discurso de véspera de eleição ou plebiscito, há de se pensar um governo que busque investir principalmente nessas regiões conflagradas", disse Veiga.
O professor acrescentou que, caso não haja iniciativas do governo do Pará no sentido de atender às reivindicações da população, superando as diferenças inter-regionais, o movimento pela divisão do Estado se intensificará. Segundo ele, esse movimento pode ganhar força e nas próximas eleições, em 2014, a população apoiar os que defendem a proposta de divisão do Estado.
"A forma de o governo superar esse movimento é demonstrar que vai investir na região, melhorar o aparato de segurança, equipamentos de saúde, infraestrutura, rodovias e saneamento. Se isso não acontecer, o movimento vai continuar forte, porque já data pelo menos da década de 1980", afirmou.
Veiga disse ainda que na região do Tapajós, no oeste do Pará, há um movimento de mais de 150 anos em busca da emancipação. "A população se sente abandonada pelo governo do Estado", disse Veiga. "De R$ 12 bilhões do orçamento do Estado em 2010, foram investidos apenas 5% na região do Tapajós", acrescentou.
Segundo o professor, a região de Carajás tem um contexto diferente, é autossustentável economicamente, mas também reclama do "esquecimento" por parte do governo do Pará. Na década de 1970, muitos imigrantes chegaram à área e contribuíram para o desenvolvimento local, principalmente na agricultura, pecuária e, atualmente, produção mineral. Muitos municípios recebem royalties da mineradora Vale e contam com uma classe empresarial ativa e um movimento social organizado.
Em passeata nas ruas de Belém, no Pará, populares se manifestaram contra a separação do estado
Foto: Tamara Saré / Futura Press
Ambulante vende bottoms com o número 55, que equivale à resposta "Não" para as perguntas "Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado" de Tapajós e Carajás - serão duas questões separadas
Foto: Tamara Saré / Futura Press
Divisão que criaria os estados de Carajás e Tapajós estará sob consulta popular em plebiscito, no domingo
Foto: Tamara Saré / Futura Press
Em Belém, a campanha do Sim é pouco visível
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
A campanha em favor da divisão é tímida nas ruas da capital
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Carreata do Não mobilizou o bairro Terra Firme, na capital paraense
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Carros pró-não congregaram dezenas de pessoas na manhã de sábado
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Vendedor de água e refrigerante Gildo Costa estava com os eleitores pró-não mobilizados no Mercado Ver-o-Peso
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Comerciante adornou a caixa de isopor com as cores da bandeira do Pará, e afirma que não conhece "ninguém que quer a separação"
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Líder do "não, deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB) afirmou que "não haverá vencidos e vitoriosos" nesta disputa
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Parlamentar fez discurso conciliador após deixar seu voto, na manhã de domingo
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Santinhos do "sim" foram jogados perto dos locais de votação, em Belém
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
"As pessoas morrem lá porque não tem saúde. Somos esquecidos lá", afirmou Sousa, nascido em Santarém e que mora há 30 anos na capital paraense, para onde foi em busca de oportunidades
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Com uma bandeira vermelha nas costas, professor de matemática manifestou as razões porque acredita que o estado deve ser dividido em outros dois territórios
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Com uma bandeira vermelha nas costas, professor de matemática manifestou as razões porque acredita que o estado deve ser dividido em outros dois territórios
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Foto: Terra
Segundo Lewandowski, processo de votação está sendo "pacífico e tranquilo"
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Ministro acompanha a votação e a apuração, e deve divulgar o resultado final do plebiscito na madrugada de segunda-feira
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, afirmou que custo foi estimado em R$ 25 milhões, mas até agora está em R$ 19 milhões
Foto: Gustavo Azevedo / Terra
Neste domingo, 4,8 milhões eleitores paraenses vão às urnas para escolher se do Estado território será desmembrado
Foto: AFP
A divisão criaria mais dois outros Estados: Carajás e Tapajós
Foto: AFP
A votação termina às 17h (hora local, no Estado não há horário de verão)
Foto: AFP
Líder da frente contra a criação de Tapajós, o deputado estadual Celso Sabino vota neste domingo, em Belém
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Governador Simão Jatene digita voto em urna eletrônica
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
O aposentado Edelzito Barros levou a família inteira para votar
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Após ser convencida pela amiga, a universitária Luzia registra seu voto
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Algumas urnas, em áreas mais distantes, transmitirão dados via satélite para a central, em Belém
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Ministro do TSE Ricardo Lewandowsk faz visita surpresa à sala de imprensa e diz que a apuração terminará rapidamente
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Policiais Federais conversam no local de apuração dos votos, no Hangar, em Belém
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Colégio Souza Franco tem cartazes informativos espalhados pelo local
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Em Belém, eleitoras aguardam na fila a sua vez de votar
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Mesárias atendem paraenses que participam de plebiscito
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Apuração das urnas eletrônicas deve ser concluída no fim da noite de domingo
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Técnico insere disquete em equipamento ligado à urna eletrônica
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Urna eletrônica é levada para o local de apuração
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Zenaldo Coutinho (PSDB) é líder da frente contra a criação do Estado de Carajás
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Logo após a vitória do 'Não', o governador Simão Jatene (PSDB) reconheceu que o Estado tem problemas
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Eleitores comemoraram a vitória do 'Não' com a bandeira do Estado do Pará
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Durante a apuração, as pessoas faziam uma espécie de corrente pelo 'Não'
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Milhares de pessoas tomaram as ruas para celebrar a vitória do 'Não' no plebiscito sobre a divisão do Estado
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Ana Paula Melo era uma das paraenses que saiu às ruas para comemorar
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra
Nas ruas, as bandeiras do Estado do Pará enfeitavam a festa que comemorou a vitória do 'Não'