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Política

População diz 'não' à criação do Estado de Tapajós no Pará

11 dez 2011 - 20h15
(atualizado em 12/12/2011 às 01h27)
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Com 75,58% das urnas apuradas, foi matematicamente rejeitada a criação do novo Estado do Tapajós por 69,09% dos 4.848.495 eleitores. Os paraenses foram às urnas, neste domingo, para decidir sobre divisão do território atual do Pará em duas novas unidades da federação: Tapajós e Carajás.

Ana Paula Melo era uma das paraenses que saiu às ruas para comemorar a vitória do 'Não'
Ana Paula Melo era uma das paraenses que saiu às ruas para comemorar a vitória do 'Não'
Foto: Filipe Faraon / Especial para Terra

Com 100% das urnas apuradas, 2.344.510 (66,08%) eleitores disseram "Não" para a criação do Tapajós, e 1.203.573 (33,92%) votaram pelo "Sim". Brancos somavam 17.729 (0,49%) e nulos 35.886 (1,00%).

No mesmo horário, com 99,88% urnas apuradas, 2.342.759 (66,09%) disseram "Não" à criação do Tapajós, e 1.202.051 (33,91%), votaram pelo "Sim". Brancos e 17.714 (0,49%) e nulos, 35.828 (1,00%).

Os eleitores responderam a duas perguntas: 'Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado do Carajás?' e 'Você é a favor da divisão do Estado do Pará para a criação do Estado do Tapajós?'. Com o resultado contrário a criação das novas unidades da federação, o Congresso deve abandonar o projeto.

Pesquisas de opinião divulgadas no final da semana já apontavam a rejeição as propostas de divisão. Segundo um levantamento da Datafolha, mais 60% da população era contrária a ideia. Entre os entrevistados, 65% eram contrários a criação de Carajás, e 64% contrários Tapajós. A aprovação em ambos os casos era de 31%.

Campanha como famosos e tapas na cara

A campanha pelo "Sim" contou com o publicitário baiano Duda Mendonça, responsável por campanha exitosas de Lula e Paulo Maluf, as que resolveu se afastar dos holofotes após envolvimento no escândalo do mensalão em 2005. Ele teria assumido o marketing da campanha sem cobrar nada.

No começo, a discussão sobre funcionaria a divisão de recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE) com a criação dos novos Estados tomou corpo, mas logo o espaço foi tomado por canções sentimentais. Metade do programa do dia 18 de novembro foi dedicado exclusivamente aos temas musicais.

A reta final da campanha, a frente favorável a divisão usou imagens de pessoas levando um tapa no rosto, como símbolo do abandono ao qual estaria submetido o interior do Estado.

A campanha da frente contrária à criação dos Estados de Carajás e Tapajós recebeu apoio de diversas celebridades paraenses como a cantora Fafá de Belém e a atriz Dira Paes, que não cobraram cachê. O vídeo com o choro de Dira foi bastante usado na campanha, e Fafá usou o Twitter para defender a manutenção do Pará como está. Outro que se empenhou na campanha foi o jogador Paulo Henrique Ganso, do Santos, que doou camisetas autografadas para ajudar na campanha pelo "Não".

Mas não foram todos os famosos que se colocaram contrários à divisão, o cantor Beto Barbosa, conhecido como rei da lambada, na década de 90, defendeu a criação dos novos Estados dizendo que o interior do Estado vive na escuridão da selva.

Tapajós
Caso tivesse sido criado, o Estado do Tapajós teria uma área total de 736 km², 58% da área total do Pará, com uma população de 1,3 milhão de habitantes, divididos em 27 municípios, sendo que a cidade de Santarém, com Produto Interno Bruto de R$ 7,6 bilhões, seria a possível capital do novo Estado.

Argumentos
O principal argumento daqueles que eram favoráveis à divisão é o tamanho do Estado, o que tornaria inviável a administração e a economia. Durante a campanha, o presidente da Frente Pró-Tapajós, deputado federal Joaquim de Lira Maia (DEM-PA), dizia que era uma questão estratégica e citava a citava a divisão dos Estados do Mato Grosso, em 1977, e Goiás, em 1988, como exemplos bem sucedidos.

Já os que defendiam a manutenção do Estado como é atualmente, argumentavam que a divisão acarretaria em perda de riquezas, incluindo mineradoras e a hidrelétrica de Tucuruí. A frente contra a criação das duas novas unidades questionava a viabilidade econômica da empreitada, já que seriam necessários R$ 5 bilhões para a construção da nova estrutura burocrática.

Fonte: Terra
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