Estudantes da USP realizam passeata na avenida Paulista
- Priscila Tieppo
- Direto de São Paulo
Ao som de tambores e com faixas com as frases "fora Rodas" e "fora PM", estudantes da Universidade de São Paulo (USP) iniciaram, por volta das 16h desta quinta-feira, uma passeata de protesto cuja concentração foi na praça Oswaldo Cruz e seguiu pela avenida Paulista até a Consolação. O ato estava marcado para 14h. A Polícia Militar (PM), com o efetivo de 50 homens, acompanhou o protesto e interditou uma das faixas da avenida, para que os alunos passassem com segurança. A previsão era que os alunos parassem no Museu de Arte de São Paulo (Masp), mas a caminhada continuou.
Ao chegarem na rua da Consolação, os alunos retornaram pela via oposta da avenida Paulista e seguiram ao Masp. Por volta das 18h20, eles se concentraram no vão livre do museu para o encerramento do protesto.
A diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Camila Lui, 25 anos, estudante de Ciências Sociais, disse que o protesto decidiu englobar diversos movimentos sociais em convite pelo Facebook. "Trouxemos estudantes de cidades do interior e movimentos que estão no apoiando. Estimamos que cerca de 2 mil pessoas estão com a gente aqui hoje", disse. Contudo, a assessoria de imprensa da PM estimou em mil o número de manifestantes presentes e afirmou que tudo transcorria pacificamente.
Em pronunciamento geral aos alunos, um estudante que estava a frente da passeata afirmou: "estamos na rua para protestar contra a ditadura vivida na USP. São 73 presos que estão na linha de frente da passeata porque eles fizeram o que era certo", referindo-se à prisão dos alunos após a reintegração de posse da reitoria, ocorrida no dia 8 de novembro.
O ato também tinha como finalidade responder ao governador Geraldo Alckmin, que disse que os estudantes precisavam de uma aula de democracia quando eles ocuparam o prédio da reitoria e houve depredação do patrimônio. Um manifestante foi à caminhada com uma máscara de Geraldo Alckmin (PSDB) e de terno. Ele estava com uma edição da revista Veja na mão com a foto do governador de São Paulo. Um dos alunos gritou ao microfone: "vamos mostrar ao governador quem merece uma aula de democracia".
O grupo de acadêmicos está em greve desde o último dia 8. Eles reivindicam a revogação do convênio entre a instituição e a Polícia Militar, a renúncia do reitor João Grandino Rodas e o cancelamento dos processos contra os 73 alunos presos durante a reintegração de posse da reitoria.
Histórico
As manifestações e a greve dos estudantes começaram depois que os estudantes tomaram o prédio da reitoria da USP em protesto contra a ação da Polícia Militar no campus. A PM abordou três alunos no campus por porte de maconha dia 27 de outubro e tentou levar os usuários detidos. Os policiais usaram gás lacrimogênio e acadêmicos teriam ficado feridos após confronto.
Com isso, no dia 1º de novembro o prédio da reitoria foi tomado e os estudantes só saíram do local quando a Justiça determinou a reintegração de posse. Por volta das 5h do dia 8 de novembro a PM chegou ao local para cumprir a determinação. O emprego da força policial estava autorizado desde as 23h do dia anterior, mas não houve enfrentamento. Ainda assim, mais de 70 estudantes acabaram presos.
Reclamações e acenos
Ao passar pela avenida Paulista, os manifestantes receberam tanto apoio quanto desdém dos transeuntes. Enquanto uns acenavam em acordo com o protesto, outros xingavam os estudantes e reclamavam nos pontos de ônibus pelo trânsito causado. Foi o caso de duas senhoras que chegaram a discutir com um estudante e uma delas mostrou, inclusive, o dedo do meio para ele, que gritou: "treme, burguesia". Não houve agressão.
Durante o protesto, os alunos chegaram a lembrar manifestações em diversos países nos últimos tempos como o movimento estudantil do Chile e cantavam: "acabou o amor, isso aqui vai virar o Chile", entre outros cantos de ordem.
Terra
Colaboraram com esta notícia os internautas Danielle Luz, Vitor Nakao, Fabiano Freitas e Danilo, de São Paulo (SP), que participaram do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.