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Chevron diz que pode ter errado cálculo antes de óleo vazar no RJ

18 nov 2011 - 23h00
(atualizado às 23h17)
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O presidente da subsidiária brasileira da Chevron, George Buck, disse nesta sexta-feira que a empresa ainda não tem uma estimativa sobre a quantidade de óleo que escapou do Campo de Frade, na Bacia de Campos, mas explicou a causa provável do acidente. "A pressão em um dos reservatórios de óleo foi subestimada, mais alta do que nós esperávamos. Nossa previsão da pressão do reservatório, usando um modelo numérico complexo, é que pode não ter sido correta", admitiu. Hoje se completam 11 dias depois da detecção do vazamento.

Peritos sobrevoaram a Bacia de Campos nesta sexta-feira para avaliar as dimensões do vazamento de óleo no Campo de Frade
Peritos sobrevoaram a Bacia de Campos nesta sexta-feira para avaliar as dimensões do vazamento de óleo no Campo de Frade
Foto: Rogério Santana / Governo do Rio / Divulgação

Buck explicou que a perfuração atingiu o campo de petróleo no dia 7 e que, no dia seguinte, a Chevron foi avisada pela Petrobras sobre uma mancha de óleo no mar, na área de sua plataforma. Ele disse que ainda vai levar alguns dias para as equipes da companhia determinarem o volume do petróleo que vazou, pois isso depende de cálculos apurados.

O presidente da operação brasileira da Chevron declarou que, no dia 8, colocou as equipes de emergência de sobreaviso e que ainda "não havia evidências de que a mancha vinha do Campo de Frade". Apesar de assumir um eventual erro na detecção da pressão do reservatório, ele negou que tenha havido falha técnica. "O equipamento funcionou perfeitamente. A equipe que estava na sonda também respondeu perfeitamente", completou.

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, acusou a empresa de subestimar a quantidade real de petróleo vazado. Minc sobrevoou nesta sexta-feira a área atingida pelo vazamento e concluiu que a quantidade de óleo no mar é maior do que o anunciado inicialmente pela empresa. "A mancha é muito grande. Está borbulhando, e continua saindo óleo da fissura. Nós vimos três baleias jubarte a 300 m (da mancha), o que significa que a biodiversidade já está afetada. Se a empresa sonegou informação, e tudo indica que sonegou, ela tem que ser ainda mais rigorosamente punida. Por ter poluído, por ter afetado a biodiversidade e por ter sonegado a informação."

Minc considerou que houve erro em um estudo geológico anterior, ao não prever a possibilidade de uma falha no subsolo. "Isso é muito grave. Pois significa que deveria ter sido previsto antes e poderia inclusive evitar esse tipo de acidente." O secretário também classificou o acidente como um alerta para toda a exploração do pré-sal. "Esse não foi um acidente gravíssimo, mas foi um festival de erros. Serve para nós como um alerta vermelho. Este é um (poço), o pré-sal vai ter mil. Então temos que tirar lições disso."

Buck garante que a empresa assume a total responsabilidade pelo acidente na Bacia de Campos. "A Chevron se responsabiliza por isso. Nós somos o operador da concessão de Frade e assumimos a responsabilidade pelo que aconteceu, mas estamos trabalhando duro para resolver e entender o problema."

A mancha de óleo está diminuindo de tamanho e continua se afastando da costa, segundo a Marinha e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Na quinta-feira, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) divulgou nota informando que a Chevron havia conseguido cimentar o poço de onde escapava o petróleo, e apenas um vazamento residual permanecia.

Agência Brasil Agência Brasil
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