Lupi minimiza pressão por saída: 'só Jesus é unanimidade'
- Laryssa Borges
- Direto de Brasília
Em depoimento na Comissão de Assuntos Sociais do Senado nesta quinta-feira, o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi (PDT), minimizou a pressão de setores do seu próprio partido para que deixe o cargo e disse que sua permanência no primeiro escalão do governo federal depende exclusivamente da presidente Dilma Rousseff. Após a divulgação de que viajara ao Maranhão a bordo de um avião providenciado pelo diretor de uma ONG que detém contratos milionários com o Ministério do Trabalho, Lupi chegou a dizer que só deixaria a pasta "abatido à bala".
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Na manhã de hoje no Senado o ministro ouviu dos senadores pedetistas Pedro Taques (MT) e Cristovam Buarque (DF) o apelo para que deixasse a Esplanada dos Ministérios e para que o PDT desembarcasse do primeiro escalão do governo federal.
"O nosso partido é um partido democrático. Nós debatemos. Não tem ninguém impondo nada a ninguém. Sou amigo pessoal do senador Pedro Taques, fui eu que o filiei ao PDT, sou amigo pessoal do senador Cristovam. O partido é democrático, democracia é assim. Só Jesus Cristo é unanimidade", comentou ele, que adotou um tom moderado durante toda a audiência.
Mais cedo, ao rebater críticas à sua gestão no Ministério do Trabalho, Carlos Lupi apelou à tese de que "forças reacionárias" querem derrubá-lo da pasta "no tapetão". "(Existem) Forças reacionárias que aproveitam possíveis falhas e possíveis erros para nos fazer dividir. Estamos na causa certa, do lado certo e, mais, no lado que tem representado a base essencial da história do trabalhismo", argumentou o ministro. "A nossa presença no governo é a afirmação da nossa causa. Estamos ganhando antagonismos, forças grandiosas que são contra o que a gente pensa porque estamos defendendo essa causa."
Durante o depoimento que prestou aos senadores, Lupi também afirmou que a presidente Dilma Rousseff pediu que ele continuasse como auxiliar do governo federal. Ele, que foi prestar explicações diretas à presidente na quarta-feira, se negou a comentar no Senado o teor da conversa, mas resumiu: "lealdade tem que ser a marca e o princípio do ser humano. (Na conversa com a presidente) Tem que se guardar a confiança recíproca. Só vou me limitar a dizer que ela pediu para que eu continuasse".
Lupi retornou ao Senado após a divulgação de que ele teria mentido ao negar que viajara ao Maranhão a bordo de um avião providenciado pelo diretor de uma ONG que detém contratos milionários com o Ministério do Trabalho. A aeronave para que o ministro cumprisse agenda oficial em sete municípios maranhenses teria sido providenciada por Adair Meira, que controla ONGs com contratos de cerca de R$ 14 milhões com a pasta.
A mistura de interesses públicos e privados, como caronas fornecidas por empresários, é proibida pelo Código da Alta Administração Pública Federal, que reúne um conjunto de condutas éticas esperadas de agentes públicos. Aos senadores, Lupi disse que não tem "relação pessoal" com Meira.