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Polícia

É preciso 'recuperar o tempo perdido', diz Beltrame na Rocinha

16 nov 2011 - 11h16
(atualizado às 15h08)
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O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, fazia na manhã desta quarta-feira uma caminhada pela rua principal da favela da Rocinha, na zona sul da cidade. Acompanhado pelo comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), coronel René Alonso, o secretário subia pela estrada da Gávea. Beltrame era parado pelos moradores, que agradeciam pela pacificação, e afirmou que, agora, é preciso recuperar o tempo perdido.

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"A linguagem é uma só, a linguagem da presença da polícia. Fico feliz de ver a quantidade de obras se iniciando, espero que isso se perenize também. Tem que trabalhar, fazer mais coisas, recuperar um tempo perdido. E vamos em frente", afirmou o secretário.

Ele falou sobre o fato de uma moradora ter comentado que não precisa mais dar a volta na favela e usou, nesta quarta-feira,o trajeto por dentro da Rocinha para sair na Gávea, também Zona Sul. "É assim que se constrói. São pequenas medidas, mas que se repitam no tempo e se crie uma cultura efetivamente diferente".

O secretário voltou a destacar a importância das ações sociais em comunidades pacificadas. "O que vai fazer com que essas pessoas vivam melhor e sintam-se valorizadas são as ações sociais. O que a polícia está fazendo aqui é se manter para que isso aconteça", disse.

A ocupação da favela da Rocinha começou no fim de semana e transcorreu sem maiores conflitos. Na manhã de domingo, Beltrame afirmou que o trunfo da polícia foi ter conseguido devolver o local à comunidade, depois de 30 anos na mão de criminosos, "sem derramar uma gota de sangue, sem dar um tiro". Para ele, o paradigma de violência que o Rio de Janeiro sempre viveu vem sendo quebrado com o trabalho conjunto dos governos estaduais, federais e municipais.

Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, até a tarde de terça-feira, as polícias Civil e Militar haviam apreendido 73 fuzis nas comunidades da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. No total, foram 129 armas de fogo - incluindo, além dos fuzis, carabinas, espingardas, lança-rojões, metralhadoras, pistolas, e submetralhadoras - encontradas desde a ocupação, que começou na madrugada de domingo.

Os policiais apreenderam ainda 147 explosivos (de bombas caseiras a granadas), 23.072 balas e oito miras telescópicas para fuzil. Entre as drogas, foram encontrados 166 kg de cocaína, 60 de pasta base de cocaína, 127 kg de maconha, 135 pedras de crack, 38 comprimidos de ecstasy e material de refino e endolação.

Nem e a tomada da Rocinha
O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro.

Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha. Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado - a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro.

Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela.

O fim do domínio de Nem na Rocinha foi o último obstáculo à entrada das forças de segurança na favela para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na madrugada do dia 13 de novembro, agentes das polícias Civil, Militar e Federal, além de homens das Forças Armadas, iniciaram a ocupação do local escoltados por um forte aparato. No entanto, os traficantes já haviam deixado a comunidade, e a operação foi concluída sem qualquer confronto.

Com informações do JB Online

Fonte: Terra
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