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Polícia

Rio: cruz de Patrícia Acioli é fincada na praia de Copacabana

1 nov 2011 - 13h29
(atualizado às 14h09)
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Mônica Garcia
Direto do Rio de Janeiro

Depois de 78 dias fincada na praia de Icaraí, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a cruz que simboliza a luta por Justiça no caso da juíza Patrícia Acioli, que mede 5 m de altura, foi transferida na manhã dessa terça-feira para a praia de Copacabana, na capital fluminense. O símbolo ficará ao lado de um grande painel com os números de mortes violentas no Estado, desde 2007, até 4 de dezembro, quando será realizada uma homenagem às vítimas de homicídios ocorridos na cidade.

Com a solução do assassinato e a prisão dos suspeitos, a ONG Rio de Paz e a família da juíza decidiram repassar a cruz para a família da engenheira Patrícia Amieiro Franco, assassinada em 2008, na Barra da Tijuca, por policiais militares.

"Nós fomos convidados a carregar essa cruz. Ela simboliza a nossa luta por Justiça. É a cruz das Patrícias. O assassinato da minha filha não ficará impune. Todos vão pagar pelo crime. Quero que esses maus policiais sejam julgados pelo povo, que vão a júri popular", desabafou Tânia Márcia Amieiro, mãe da engenheira.

Emocionado, o irmão da engenheira, Adriano Amieiro Franco, fez um discurso no momento da colocação da cruz na areia, pedindo agilidade no caso, punição para os policiais envolvidos no caso, e o fim da violência no Rio de Janeiro. "Queremos que essa cruz fique aqui na areia, até a solução do assassinato da minha irmã. Que ela só saía daqui, quando os assassinatos forem para a prisão, assim como no caso da Patrícia Acioli", afirmou Adriano.

Para o primo da juíza, Carlos Schramm, a milícia está infiltrada nos mais altos escalões do governo. "Eles estão dentro das Câmaras de vereadores, na Assembleia, nos mais altos postos da polícia carioca. Eles se acham acima de tudo e de todos", criticou. "É um absurdo um deputado, ter que deixar o seu País por falta de segurança. O Marcelo Freixo está certo de deixar o Brasil nesse momento. Ele não pode colocar a vida dele e da família dele em risco. Se mataram uma juíza, o que não fazem dentro dos morros?"

Contagem das mortes

Ao lado da "cruz das Patrícias" foi colocado um painel com o número de mortes violentas no Estado do Rio de Janeiro. De acordo com Antônio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz, 92% dos homicidas não são presos ou punidos por seus crimes, e mais de 30 mil homicídios ocorreram no Estado entre janeiro de 2007 e julho de 2011. "Esses números são do professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Ignácio Cano pois não temos até hoje um número exato do governo do Estado. Queremos maior transparência e os números completos da violência no estado", exigiu.

O ato contou com a presença da irmã do Jornalista Tim Lopes, Tânia Lopes; com Lenita e Ary Martins, pais dos irmãos Ary e Humberto Martins, assassinados em 2006 no centro do Rio de Janeiro; e com Carlos Santiago, pai de Gabriela Ribeiro, da ONG Gabriela Sou da Paz, morta em 2003, na entrada do metrô São Francisco Xavier, na Tijuca.

Caso Patrícia Amieiro

A engenheira Patrícia Amieiro Branco Franco, desapareceu no dia 14 de junho de 2008, depois de sair de uma festa no Morro da Urca, na zona sul do Rio de Janeiro. O carro da engenheira foi encontrado dentro da Lagoa Marapendi, na Barra da Tijuca. O corpo, porém, nunca foi achado. Quatro policiais militares são suspeitos de atirarem contra o carro de Patrícia e de desaparecerem com o corpo. Há três meses Justiça do Rio de Janeiro, declarou a morte presumida da engenheira.

Para o pai da Patrícia, Antônio Celso Franco, a lentidão da Justiça só acelera a sensação de impunidade. "Quero ver esses bandidos presos. É um absurdo eles andarem soltos, como se nada tivesse acontecido. O que mais me intriga em tudo isso, é como policiais militares, que ganham tão pouco, conseguem pagar advogados caríssimos. Só para o Habeas Corpus eles pagaram R$ 150 mil. De onde saiu esse dinheiro? Com certeza têm pessoas poderosas por trás da morte da minha filha."

A cruz que simboliza a luta por Justiça no caso da juíza Patrícia Acioli foi transferida para Copacabana
A cruz que simboliza a luta por Justiça no caso da juíza Patrícia Acioli foi transferida para Copacabana
Foto: Mônica Garcia / Especial para Terra
Fonte: Terra
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