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SP: professores da USP apoiam alunos que confrontaram PM

1 nov 2011 - 11h45
(atualizado às 12h53)
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A Congregação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, integrada por representantes de professores, alunos e funcionários, desaprovou a ação da Polícia Militar no confronto com estudantes na noite da última quinta-feira. Para eles, a intervenção da PM "extrapolou os propósitos originalmente concebidos com o convênio" com a reitoria da USP.

O pronunciamento foi publicado no site da faculdade após uma sessão extraordinária feita na segunda-feira, que discutiu a detenção de três alunos por suposto porte de maconha, o confronto com a PM e a posterior invasão do prédio de administração da FFLCH como forma de protesto. "As reações de alunos, embora previsíveis, não teriam tido o desdobramento que tiveram caso houvesse prevalecido o bom entendimento entre as partes envolvidas, sem apelo à violência", defendeu a entidade. Eles criticaram também o convênio da PM com a USP, dizendo que os termos são "vagos, imprecisos e não preenchem as expectativas da comunidade uspiana por segurança adequada".

A Congregação lembrou que "a intervenção da PM ocorreu em um espaço social sensível à presença de forças coercitivas, face ao histórico, ainda recente na memória coletiva da comunidade acadêmica, de intervenções policiais violentas durante a ditadura militar". Além disso, a entidade se propôs a fazer reuniões com a administração da universidade para reavaliar o convênio firmado com a PM, a discutir uma política interna de prevenção de drogas com a comunidade acadêmica, e a fazer estudos para revisar regulamentos que disciplinam processos administrativos movidos contra estudantes.

Apoio de acadêmicos

Além do apoio da Congregação, os alunos que confrontaram a PM na semana passada foram defendidos por professores da USP. Em um artigo publicado no site do Diretório Central dos Estudantes Livre Alexandre Vannucchi Leme (DCE), Lincoln Secco, professor livre-docente em História Contemporânea, afirmou que a imprensa retratou os alunos como "um bando de usuários de drogas em defesa de seus privilégios", enquanto ele e outros viram "jovens indignados", com "livros empunhados contra policiais atônitos, armados e sem identificação, num claro gesto de indisciplina perante a lei".

"É inaceitável que um espaço dedicado á reflexão, ao trabalho, à política, às artes e também à recreação de seus jovens estudantes seja ameaçado pela força policial", diz o acadêmico. Ele reconhece que a USP "não está fora da cidade e do país que a sustenta", mas diz que a universidade precisa de um plano de segurança próprio, "como outras instituições têm". "Afinal, ninguém ousaria dizer que os congressistas de Brasília têm privilégios por não serem abordados e revistados por Policiais."

O professor livre-docente da Faculdade de Direito da USP, Jorge Luiz Souto Maior, critica a declaração que ele atribui ao governador Geraldo Alckmin sobre o conflito, de que "Ninguém está acima da lei". "Todos estão sob o império da lei, mas não pode haver obstáculos institucionalizados para a discussão pública da necessidade ou não de sua alteração." Ele acrescenta que "a lei deve ser fruto da vontade popular, fixada a partir de experiências democráticas, que tanto se estabelecem pelo meio institucionalizado da representação parlamentar quanto pelo livre pensar e pelas manifestações públicas espontâneas".

Ele ainda rebate o argumento de que os alunos quereriam, com o protesto, "um tratamento especial diante da lei" ou "benefício pessoal". "Para ser completamente, claro, não estão querendo fumar maconha no Campus sem serem incomodados pela lei. Querem, isto sim, manifestar, democraticamente, sua contrariedade à presença da PM no Campus universitário", diz ele, "não pelo fato de que a presença da polícia lhes obsta a prática de atos ilícitos, mas porque o ambiente es colar não é, por si, um caso de polícia".

Confronto com a PM

A confusão começou no início da noite de quinta-feira, após a PM flagrar três alunos portando maconha. No momento em que os policiais foram levar o trio para a delegacia, foram impedidos por estudantes. Um grupo de cerca de 300 alunos se aglomerou para protestar contra a presença policial no campus, e a polícia chamou reforço.

Os manifestantes cercaram a viatura que levava os estudantes e começaram a discutir com os PMs. A polícia usou cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Viaturas ficaram danificadas. Os estudantes detidos pela polícia foram levados ao 91º DP, onde assinaram um termo circunstanciado, e liberados.

Em protesto contra a presença da PM, estudantes ocuparam prédio de administração da faculdade
Em protesto contra a presença da PM, estudantes ocuparam prédio de administração da faculdade
Foto: Hermano Freitas / Terra
Fonte: Terra
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