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Convênio com a PM previa repressão a drogas, diz reitoria da USP

28 out 2011 - 16h16
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Ricardo F. Santos
Direto de São Paulo

A assessoria da reitoria da Universidade de São Paulo rebateu as críticas dos estudantes que ocuparam o prédio da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) na noite de quinta-feira, após um confronto com a Polícia Militar. O grupo, intitulado Movimento de Ocupação, classificou de "repressão" e "violência" policial a atitude da PM, que deteve três estudantes flagrados com porções de maconha e entrou em conflito com os estudantes que quiseram impedir a detenção.

Segundo a assessoria, quando foi assinado, em 8 de setembro deste ano, o convênio entre a reitoria da USP e a PM previa que atos ilícitos fossem repreendidos. "Na assinatura, o próprio comandante da PM afirmou que não iria reprimir manifestações de alunos. Mas consumo de drogas é crime em qualquer local, e na USP não seria diferente. A PM cumpriu seu dever", disse a assessoria.

Além disso, a assessoria defendeu o reitor da USP, João Grandino Rodas, da acusação feita pelo movimento de ocupação. Em nota oficial, publicada no site do Diretório Central dos Estudantes Livre Alexandre Vannucchi Leme (DCE), os ocupantes acusam Rodas de impor uma "política de repressão" na universidade ao firmar o convênio com a PM.

"A presença da PM no campus não é uma decisão pessoal do reitor. Ela foi acordada por um conselho gestor, que é integrado por cerca de 40 representantes de funcionários, professores e também dos alunos", disse a reitoria. Segundo eles, o conselho tomou a iniciativa de propor o policiamento na universidade dois dias após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, baleado em uma tentativa de assalto no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), e teve adesão dos alunos.

Os membros do centro acadêmico da FEA, por exemplo, colegas do aluno assassinado na USP, declararam apoio à presença da PM no campus. Em carta publicada no site da entidade, afirmaram ver "de forma positiva" o convênio entre reitoria e PM, e condenaram a invasão do prédio da FFLCH. "Soa anacrônico, nos dias de hoje, 'sequestrar' um prédio público para que certas demandas sejam ouvidas", disseram.

A reitoria informou ainda que um eventual pedido na Justiça de reintegração de posse do prédio invadido deve partir da própria faculdade. Até a tarde desta sexta-feira, no entanto, a reitoria não havia sido informada de qualquer iniciativa da FFLCH.

Confronto com a PM

A confusão começou no início da noite de ontem, após a PM flagrar três alunos portando maconha. No momento em que os policiais foram levar o trio para a delegacia, foram impedidos por estudantes. Um grupo de cerca de 300 alunos se aglomerou para protestar contra a presença policial no campus, e a polícia chamou reforço.

Os manifestantes cercaram a viatura que levava os estudantes e começaram a discutir com os PMs. A polícia usou cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Viaturas ficaram danificadas. Os estudantes detidos pela polícia foram levados ao 91º DP, onde assinaram um termo circunstanciado, e liberados.

Reitoria rebateu manifestantes, dizendo que a PM no campus foi uma decisão colegiada da USP
Reitoria rebateu manifestantes, dizendo que a PM no campus foi uma decisão colegiada da USP
Foto: Bruno Santos / Terra
Fonte: Terra
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