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Política

Atletas lamentam saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte

26 out 2011 - 23h49
(atualizado em 27/10/2011 às 00h02)
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Atletas lamentaram nesta quarta-feira a demissão de Orlando Silva (PCdoB) da chefia do Ministério do Esporte. A decisão foi tomada nesta tarde, em reunião do ex-ministro com a presidente Dilma Rousseff e com o presidente de seu partido, Renato Rabelo. A ex-jogadora de vôlei Ana Moser e o ex-jogador de futebol Gilmar Rinaldi comentaram o caso por meio de seus perfis no Twitter.

Ana Moser considera que o esporte no País saiu do "zero" para o "regular" com a gestão de Orlando Silva
Ana Moser considera que o esporte no País saiu do "zero" para o "regular" com a gestão de Orlando Silva
Foto: Celso Akin / AgNews

Para Ana Moser, o esporte foi mais debatido e cresceu, saindo "do zero para o razoável" a partir da gestão de Orlando Silva. Já Gilmar Rinaldi classificou o ex-ministro como "uma luz para os desportistas de todo o País". Ele também sugeriu que o ex-velejador Lars Grael poderia ser o novo ministro do Esporte.

"Minha experiência com políticas públicas de esporte começou em 2000 e segue até hoje. (...) Nesses anos, vi o País avançar, participei de vários fóruns, encontros, conferências. O Brasil do esporte ampliou, aumentou a visibilidade. Se debateu mais, aumentaram as fontes de financiamento para ações de esporte. Concentrou no rendimento, mas também criou outras frentes. Ainda há muito a avançar, mas reconheço o trabalho de Orlando Silva e equipe. Que o próximo siga avançando", publicou a ex-jogadora em uma série de tweets.

Rinaldi demonstrou preocupação com o sucessor de Silva. "Quem vai pro lugar dele? Vão escolher alguém com capacidade técnica ou ocupar politicamente o cargo? O ministro Orlando Silva era uma luz para os desportistas de todo o País, pena que este trabalho não possa continuar, sem mérito da questão. Não podemos esquecer que a pessoa que ocupará este cargo vai nos representar perante o mundo todo. Acorda, gente, a Copa do mundo é aqui", postou.

Afirmando não entender de política, Rinaldi ressaltou que "o momento é delicado". "Podemos jogar fora uma esperança de mudar o destino de nossas crianças, que não tem nada a ver com política", escreveu, em alerta para mudanças pelas quais o esporte vinha passando e que ele considera positivas. O ex-jogador não deixou de sugerir um nome para a pasta. "Não sei de que partido é, mas na parte técnica tenho certeza de que Lars Grael seria um bom nome, e esse é serio, isso eu garanto", defendeu.

Orlando Silva pede demissão do Ministério do Esporte

Orlando Silva (PCdoB) pediu demissão do Ministério do Esporte no dia 26 de outubro, após reunião com a presidente Dilma Rousseff e o presidente do seu partido, Renato Rabelo. Silva não resistiu à pressão para que deixasse o cargo após denúncias de fraudes em contratos entre a pasta e organizações não-governamentais (ONGs). Sexto ministro de Dilma a cair ainda no primeiro ano de governo, Silva foi apontado por uma reportagem da revista Veja de outubro como o líder de um esquema de corrupção que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. Na falta de um nome definitivo indicado pela presidente, o secretário-executivo da pasta, Waldemar de Souza, também do PCdoB, assumiu a chefia no ministério interinamente.

Segundo o delator do suposto esquema, o policial militar e militante do PCdoB João Dias Ferreira, ONGs recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando teria recebido, dentro da garagem do ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios que envolveriam o programa Segundo Tempo - iniciativa de promoção de práticas esportivas voltada a jovens expostos a riscos sociais.

Ferreira foi um dos cinco presos em 2010 durante a Operação Shaolin, que apontou diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades. Por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, ele firmou dois convênios com a pasta, em 2005 e 2006. Antes de pedir demissão, Silva exigia a Ferreira a devolução do dinheiro repassado. No dia 17 de outubro, o então ministro protocolou um pedido para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigasse as denúncias.

No dia 19 de outubro, o jornal O Estado de S.Paulo publicou reportagem que afirmava que a pasta prorrogara até agosto de 2012 um convênio de R$ 911 mil do programa Segundo Tempo com uma entidade de fachada que, apesar de ter assinado o contrato em dezembro de 2009, jamais executou o projeto no entorno do Distrito Federal. O jornal ainda acusou a mulher de Orlando Silva, Ana Petta, de ter recebido recursos públicos de uma ONG de filiados do PCdoB. Petta teria utilizado sua empresa de produção cultural, a Hermana, para assinar contrato com ONG Via BR, que havia recebido R$ 278,9 mil em novembro de 2010.

No dia 24, Ferreira prestou depoimento à PF, no qual afirmou que pelo menos 20 ONGs estariam dispostas a delatar o suposto esquema. Ele entregou 13 áudios, um celular e mídias que comprovariam os desvios. Segundo o PM, no entanto, nenhum continha a voz de Silva, assim como nenhuma das provas o atingia diretamente. No dia seguinte, o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou a abertura de inquérito para investigar o caso. De acordo com o advogado de Silva, foi o próprio ex-ministro quem pediu a investigação, mas ele teve que abrir mão do cargo após o governo avaliar que não poderia mantê-lo sendo investigado pela mais alta corte do País.

Fonte: Terra
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