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Após queda de Orlando, Aldo Rebelo é novo ministro do Esporte

27 out 2011 - 12h37
(atualizado às 15h40)
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Diogo Alcântara
Direto de Brasília

Após receber o pedido de demissão do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, o Palácio do Planalto anunciou nesta quinta-feira, às 12h35, Aldo Rebelo como seu substituto. Com a confirmação do deputado federal como novo ministro, o PCdoB mantém o controle da pasta, que vem sendo alvo de denúncias de desvio de recursos de convênios com organizações não governamentais (ONGs). A posse, de acordo com o Planalto, ocorre na próxima segunda-feira.

Após ser confirmado como como novo ministro do Esporte, o deputado Aldo Rebelo fala aos jornalistas
Após ser confirmado como como novo ministro do Esporte, o deputado Aldo Rebelo fala aos jornalistas
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

"A presidente Dilma (Rousseff) me fez um convite para assumir o ministério do Esporte, eu agradeci a confiança e aceitei como um desafio. As orientações (da presidente) são a de procurar conduzir o trabalho com os desafios que estão à frente do País e também do ministério, Copa do Mundo e Olimpíadas, e todas as tarefas relacionadas não apenas com os programas do ministério, mas também com esses eventos internacionais que vão ser sediados no Brasil", afirmou o novo ministro.

Ele não entrou em detalhes da situação do Esporte e nem falou sobre os convênios com as ONGs, que derrubaram seu antecessor. Renato Rabelo, presidente do PCdoB, afirmou que Aldo "é um grande quadro e acho que vai dar uma grande contribuição ao ministério". A presidente Dilma assinou hoje a nomeação, que deve ser publicada na sexta-feira no Diário Oficial da União.

Deputado federal por São Paulo pelo quinto mandato consecutivo, Aldo Rebelo presidiu a Câmara entre 2005 e 2007 e foi ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais de 2004 a 2005, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Sua carreira política teve início no movimento estudantil, chegando à presidência da União nacional dos Estudantes (UNE). Seu primeiro cargo eletivo foi o de vereador da cidade de São Paulo, que exerceu entre 1989 a 1991.

Como deputado, Rebelo foi o relator do projeto de lei que atualiza o Código Florestal. Outros projetos de sua autoria causaram polêmica por sua suposta irrelevância. Um deles é o que trata da promoção, proteção e defesa da língua portuguesa. Atualmente em tramitação no Senado, a proposta combate o uso excessivo de expressões em língua estrangeira. Caso a lei seja aprovada, todos os documentos oficiais do Brasil deverão ser escritos em português. O projeto prevê ainda que toda comunicação dirigida ao público, caso utilize palavras em outra língua, terá tradução para o português. A regra vale para peças publicitárias, relações comerciais, meios de comunicação de massa e informações afixadas em estabelecimentos comerciais.

Outra proposta polêmica foi a criação do Dia do Saci Pererê no dia 31 de outubro - quando, em outros países, é comemorado o Halloween. Em sua justificativa, o político lembrou que o símbolo do folclore é uma "força da resistência cultural à invasão dos x-men, dos pokemons, os raloins (sic) e os jogos de guerra". Conforme o texto do PL 2762/2003, a lei "apoiará as iniciativas, programas e atividades culturais de entidades públicas (...), que poderão contribuir para a celebração do folclore brasileiro, através do Saci e de seus amigos (Iara, Curupira, Boitatá e tantos outros)". A proposta, no entanto, não chegou a ser apreciada por nenhuma comissão da Casa e foi arquivada em janeiro de 2007, ao fim da legislatura.

As acusações contra Orlando Silva

Reportagem da revista Veja de outubro afirmou que o ex-ministro do Esporte Orlando Silva (PCdoB) lideraria um esquema de corrupção na pasta que pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. Segundo o delator, o policial militar e militante do partido João Dias Ferreira, organizações não-governamentais (ONGs) recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios. Orlando teria recebido, dentro da garagem do ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios que envolveriam o programa Segundo Tempo - iniciativa de promoção de práticas esportivas voltada a jovens expostos a riscos sociais.

João Dias Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar dos desvios. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ex-ministro é mencionado por um dos suspeitos. Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte.

O ex-ministro nega as acusações e afirmou não haver provas contra ele, atribuindo as denúncias a um processo que corre na Justiça. Segundo ele, o ministério exige judicialmente a devolução do dinheiro repassado aos convênios firmados com Ferreira. Ainda conforme Orlando, os convênios vigentes vão expirar em 2012 e não serão renovados.

Fonte: Terra
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