PUBLICIDADE

SP: promotor vê nazismo em tentativa de tirar abrigo de Pinheiros

14 out 2011 - 09h20
Compartilhar

Em um pedido com 1,2 mil assinaturas levado ao Ministério Público Estadual (MPE) no dia 29 de setembro, moradores de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, tentavam impedir que um albergue para moradores de rua no bairro fosse transferido para uma área residencial mais nobre da rua Cardeal Arcoverde. Mas o efeito foi inverso. Na quinta-feira, o promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes comparou a iniciativa às tomadas na Alemanha nazista. "É de provocar inveja a qualquer higienista social do Terceiro Reich a demonstração de tal insensibilidade. A ideia - ou que ocupa o que deveria ser o seu lugar - associando pobreza e criminalidade e violência não tem guarida teórica e ética", escreveu. "Esse pedido é muito revoltante", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Lopes indeferiu o pedido e enviou os nomes de seis síndicos que assinaram a petição para a Delegacia de Polícia Especializada em Crimes Raciais de Delitos de Intolerância (Decradi). Todos serão alvo de inquérito por intolerância social, prevista na Constituição (art. 5º, inciso 41). O abaixo-assinado foi organizado por comerciantes e moradores de Pinheiros e se posiciona contra a mudança do albergue Cor da Prefeitura, que hoje funciona no número 1.968 da rua Cardeal Arcoverde, mas está prestes a ser transferido ao 3.041 da mesma rua - um trecho mais nobre e residencial. O local oferece melhores condições para o funcionamento do centro e tem mais quartos, segundo o governo municipal. Mas, segundo o que os vizinhos do novo endereço relataram ao MPE no pedido de intervenção contra o albergue, "o comércio possivelmente não vai sobreviver, uma vez que a população local será acuada em suas residências e os visitantes de outros bairros vão nos trocar por centros comerciais mais tranquilos". Ana Arlene Carvalho, relações públicas e síndica de um prédio do bairro, reagiu com indignação à comparação feita pelo promotor. "Então bota os sem-teto na porta da casa dele. Será que ele aceita?"

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade