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Produção de remédio contra mal de Chagas é interrompida

5 out 2011 - 16h22
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A falta de matéria-prima levou o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) a interromper temporariamente a produção do Benzonidazolo. O medicamento é usado no combate ao Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas. O diretor comercial, Oséas Moraes, disse que a paralisação ocorreu pela falta do princípio ativo, fabricado por uma única empresa química brasileira, a Nortec.

Como o laboratório público é o único fabricante mundial do produto, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras teme que a interrupção cause desabastecimento do remédio. Já o Lafepe e o Ministério da Saúde garantem que a distribuição está em conformidade com o cronograma e que a produção será retomada ainda este mês. Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras, a doença de Chagas, também conhecida como tripanossomíase americana, mata mais de 12,5 mil pessoas anualmente. A estimativa é de que entre 8 e 10 milhões tenham a doença, considerada endêmica em vários países da América Latina.

A organização humanitária afirmou ainda que o risco de desabastecimento tem afetado programas de tratamento na América Latina, inclusive com a suspensão de novos diagnósticos no Paraguai e a suspensão da implantação de novos projetos na Bolívia. "Não suspendemos a fabricação (conforme afirmara, os Médicos Sem Fronteiras). Houve uma interrupção temporária por falta de matéria-prima. Nossas máquinas estão paradas esperando pela matéria-prima, mas a produção será retomada ainda este mês. No mais tardar, até o dia 20 de novembro, nós teremos prontos 3,2 milhões comprimidos", disse Moraes.

Moraes assegurou que os cerca de 273 mil comprimidos que o laboratório tinha em estoque são suficientes para atender a demanda até que a produção seja retomada. Desta reserva, 100 mil serão entregues ao Ministério da Saúde. Outros 100 mil serão enviados à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), responsável, junto com os Médicos Sem Fronteiras, por distribuir o remédio para outros países.

"Ficaremos ainda com um estoque estratégico de 73 mil comprimidos. E com os 320 kg de matéria-prima que a Nortec se comprometeu a começar a entregar ainda este mês, vamos fabricar outros 3,2 milhões de comprimidos e normalizar a produção até o final de novembro. Portanto, embora não haja, hoje, nenhuma grama de matéria-prima no laboratório, nosso estoque estratégico é o bastante para atendermos não só aos Médicos Sem Fronteiras, mas ao mundo todo", disse Moraes. Ele afirmou que só a organização humanitária solicita 470 mil comprimidos. "Vamos atender a 10% disso até que o medicamento fique pronto", disse.

Empresa afirma que entrega retorna em novembro

De acordo com o vice-presidente do conselho de administração da Nortec, Nicolau Pires Lages, a empresa química assumiu a produção da substância em maio deste ano e tem até o início de novembro para entregar os 320 kg de matéria-prima encomendados pelo Lafepe. O prazo foi estipulado em um contrato firmado em 31 de maio deste ano, quando a Nortec pediu 150 dias para adequar sua planta industrial à fabricação da substância.

"Já começamos a produzir e vamos cumprir o prazo, que vence no próximo dia 31. Vamos começar a entregar o produto no início de novembro", afirmou Lages. "Não tenho conhecimento dos estoques (do Lafepe), mas, posso garantir que o que cabe à Nortec está de acordo com o cronograma", disse. Até que a Nortec aceitasse a sugestão de assumir a produção do medicamento, feito pelo Ministério da Saúde, ele era produzido pela multinacional Roche, que transferiu ao governo brasileiro os direitos e a tecnologia de fabricação do remédio para o Mal de Chagas e seu estoque de matéria-prima.

Agência Brasil Agência Brasil
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