Crack é a principal preocupação para 31% das cidades paulistas
- Ricardo F. Santos
- Direto de São Paulo
A droga ilícita que mais preocupa os municípios do Estado de São Paulo é o crack. A substância é a preocupação principal de 31% das cidades, e perde apenas para o álcool (49%), cujo consumo é liberado. A informação é de um levantamento inédito realizado pela Frente Parlamentar de Combate ao Crack e Outras Drogas, apresentado na manhã desta terça-feira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Segundo o coordenador da Frente, deputado Donisete Braga (PT), as informações mais preocupantes foram a penetração do crack no interior do Estado, a idade dos dependentes químicos e o uso da droga em lavouras de cana-de-açúcar.
Um dos dados revelados pela pesquisa é que 57% dos usuários de crack em cidades com população entre 50 mil e 100 mil habitantes têm entre 16 e 25 anos. Braga acrescentou que, durante a elaboração do estudo, os parlamentares constataram que crianças de 9 a 15 anos usavam crack amplamente. "É um dado alarmante", disse o deputado.
A pesquisa feita pela Assembleia foi respondida por 325 dos 645 municípios do Estado, que concentram 76% da população. Gestores públicos responderam a dez perguntas elaboradas pela Frente sobre políticas públicas, investimentos, programas e ações e faixa etária dos usuários de crack. "Nunca a Assembleia Legislativa fez um mapeamento desta importância", disse o coordenador. Braga explicou que esse levantamento é o primeiro passo para um processo de fiscalização e acompanhamento do uso da droga.
Outro dado considerado alarmante, de acordo com a pesquisa, mostra que 79% dos municípios não possuem leitos específicos pelo SUS para atender dependentes do crack. "Temos pouco mais de 300 leitos em todo o Estado, ou seja, não chega a um leito por município", disse o deputado. Ele afirmou que a Frente, formada por 29 parlamentares, vai pressionar o governo para aumentar os investimentos no combate às drogas no próximo Plano Plurianual e no Orçamento de 2012.
A Frente Parlamentar vai apresentar o levantamento, ainda nesta terça-feira, ao secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, e amanhã fará uma audiência pública sobre o tema. Segundo Braga, a discussão se integra aos esforços do governo federal, que deve lançar, na primeira semana de outubro, um programa nacional de combate ao crack e outras drogas.
