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Polícia

'Facilitaram tudo para os assassinos da Patrícia', diz mãe de juíza

11 set 2011 - 01h50
(atualizado às 01h52)
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MARIA INEZ MAGALHÃES

Aos 75 anos, Marly Lourival Acioli, mãe da juíza Patrícia Acioli, executada com 21 tiros há um mês em Niterói, diz que a única coisa que espera agora da vida é não morrer antes de ver a prisão dos matadores da juíza. Mesmo com um problema de saúde agravado pela perda repentina da filha, Marly quebrou o silêncio e falou sobre o caso pela primeira vez. Ela criticou a falta de escolta à magistrada e, assim como as mães que pediam justiça à Patrícia por seus filhos, ela clamou: "Não se esqueçam dela". Confira entrevista do jornal O Dia:

O Dia: Patrícia era muito ligada à família. Hoje faz um mês que ela foi morta. Como está sendo lidar com essa ausência?

Marly: Minha vida acabou. Está sendo desesperador. É um fundo que eu não consigo achar. Já estou com 75 anos e não tenho mais nada a esperar da vida. Só espero não morrer antes de ver a prisão desses bandidos safados que fizeram essa atrocidade.

O que faz mais a senhora lembrar da sua filha?

Marly: Ela vinha aqui (casa da mãe) toda a sexta- feira. Chegava com aquele sorriso lindo, brincando. Fiquei sem ver a alegria e o amor que me confortavam.

Patrícia falava sobre o trabalho e as ameaças?

Marly: Fazia apenas comentários. Falava da gratidão por ela de mães que tiveram filhos mortos. Era visível o orgulho quando aplicava a pena que réus mereciam. Ela temia pelas ameaças, mas dizia que não interfeririam no trabalho.

A senhora pediu a ela para deixar a 4ª Vara Criminal?

Marly: Perdi a conta. Fiz até promessa, mas ela falava que as pessoas precisavam dela e essa era sua razão de viver.

Como a senhora recebeu a notícia da morte?

Marly: Quem me falou foi meu médico, que primeiro me deu calmantes. Eu berrava e dizia que era mentira, que não era justo me torturarem assim. Quando passou a fase da negação, mergulhei no vazio.

O que a senhora acha do Tribunal de Justiça retirar escolta de Patrícia?

Marly: Foi covardia. Facilitaram tudo para os assassinos da Patrícia. Queriam forçá-la a sair de lá, intimidá-la ou sei lá o que tem mais nessa história podre. Não conheciam nem sua coragem nem sua obstinação.

Como está a investigação?

Marly: Todo dia eu pergunto se já acharam os matadores da minha filha. Só escuto o silêncio.

Os pais não estão, claro, preparados para perder um filho. Apesar disso, para a senhora, a morte de Patrícia deixa alguma lição?

Marly: Acho que sim. Juízes ameaçados estão de carro blindado, reforçaram a segurança de fóruns. E agora deu para aparecer escolta que não tinha.

A senhora acha que será feita Justiça no caso?

Marly: Acho que não. A gente vê tanta podridão que perde a esperança. Vão ter que prender alguém porque o caso teve repercussão. Mas será que a verdade vai aparecer?

Muitas mães procuraram Patrícia para pedir que os culpados pela morte de seus filhos fossem punidos. Agora, na mesma condição, qual o pedido que a senhora faz à Justiça?

Marly: Que não se esqueça dela. Que julgue com o mesmo rigor que ela julgava. Que faça todos os participantes desse crime pagarem.

Fonte: O Dia
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