PUBLICIDADE

Polícia

Exército vai rever formas de revistar suspeitos no Alemão

8 set 2011 - 17h04
(atualizado às 17h27)
Compartilhar

O Comando Militar do Leste informou, nesta quinta-feira, que irá reavaliar as formas de revistas aos indivíduos considerados suspeitos no Complexo do Alemão. Segundo o Exército, a medida visa a melhorar o monitoramento da Força de Paz contra a ação de traficantes que estariam usando mulheres para transportar drogas e até armas. Como as revistas são feitas majoritariamente em homens, os bandidos estariam utilizando mulheres para o serviço.

Morador foge durante tiroteio no Complexo do Alemão
Morador foge durante tiroteio no Complexo do Alemão
Foto: Uanderson Fernandes / O Dia

O comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, esteve no Alemão nesta quinta-feira e afirmou que as imagens do confronto de domingo estão sendo analisadas. "Olhamos todos os vídeos para ver o que pode ser melhorado", disse. Militares montaram quatro bases fixas de patrulhamento em locais estratégicos.

O Ministério Público Militar (MPM) acompanha o inquérito policial para apurar se houve excessos por parte dos soldados no confronto de domingo. Todos foram afastados. Uma procuradora e três promotores do MPM se reuniram com o comando e divulgaram o número de telefone para receber denúncias de moradores que se sentirem intimidados pelas tropas.

Uma resolução aprovada em reunião no início desta tarde entre Pereira Junior e oficiais que trabalham no Alemão aponta para a busca de uma reaproximação entre Exército e a comunidade. O objetivo é restabelecer a confiança na ação da força de pacificação.

O secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, também conversou com o Comando Militar do Leste e a Força de Pacificação e afirmou que os moradores da comunidade vão receber atendimento de psicólogos e antropólogos. O primeiro encontro acontecerá no próximo sábado.

Exército de prontidão

Nesta manhã, homens do Exército mantiveram a vigilância com veículos blindados nos principais acessos do Alemão, que viveu uma madrugada tranquila. A rotina dos moradores começa a voltar ao normal. Pessoas deixam suas casas para trabalhar sem transtornos, e o comércio funciona normalmente. O transporte e os serviços públicos de limpeza também foram restabelecidos.

O general Adriano Pereira Júnior afirma que todos os confrontos ocorridos foram orquestrados pelo tráfico. Ainda assim, o militar informou que os quatro militares envolvidos em confusão com moradores no domingo foram afastados. Um inquérito foi aberto para apurar as responsabilidades.

"Faltou a percepção de que era armadilha", disse o general. Na ocasião, segundo ele, soldados perseguiram dois homens que estariam em atitude suspeita e que se esconderam em um bar. Moradores reagiram e houve confusão. Para dispersá-los, soldados usaram armas não letais e alguns moradores foram feridos. Segunda-feira, houve nova confusão e protesto. Cartazes foram estendidos nas ruas com críticas ao Exército. Terça-feira, o tráfico atacou com tiros e bombas.

Comunidades ocupadas

A Polícia Militar ocupou por tempo indeterminado os morros do Adeus e da Baiana, de onde bandidos podem ter atacado a Força de Pacificação no vizinho Complexo do Alemão na noite de terça-feira. Há 120 policiais do 16º BPM (Olaria) e do 22º BPM (Maré), que atuam também em 11 pontos ao redor das comunidades. O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu que bandidos também entraram no Alemão pela Vila Cruzeiro, mas disse acreditar que, com o reforço, o bando já tenha ido embora.

Para evitar nova invasão, o Exército reforçou a segurança no complexo com 100 fuzileiros e preparou mais 200 para entrar em ação. Soldados do Exército retiraram, na última segunda-feira, barricadas feitas com tampas de bueiros e ralos na noite anterior. Houve revistas a pedestres, motoristas e motociclistas. Acessos foram vasculhados com blindados.

Pereira Júnior atribuiu o ataque ao anúncio da ampliação do tempo em que o Exército será mantido no complexo. "Foi divulgado que o Exército vai permanecer no local até junho, e as ações são uma reação a essa notícia", ressaltou o general. De manhã, circulou a informação de que o ataque foi motivado pelo fechamento de uma revenda de gás clandestina, que pertenceria ao irmão do traficante Marcinho VP, mas a Secretaria de Segurança não confirmou a informação.

Exército: traficante circula na favela

Após divulgar um vídeo na terça-feira mostrando que ainda há venda de drogas no Complexo do Alemão, Pereira Júnior confirmou o retorno de lideranças do Comando Vermelho para o conjunto de favelas. Segundo ele, entre os criminosos que voltaram a circular no local está Paulo Roberto de Sousa Paz, o Mica ou MK, 33 anos. A presença dele na região já havia sido denunciada por moradores.

"Ele frequenta o morro, mas não conseguimos prendê-lo porque ele tem muitos informantes que o ajudam a não se deparar com nossas patrulhas", destacou. O comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, explicou que a medida de ocupar os morros vizinhos ao Alemão foi tomada devido à ausência de tropas federais nos locais. Em nota, a corporação explicou que os morros do Adeus e da Baiana são "locais com comandamento - ou seja, visão de cima para baixo -, portanto, facilitadores de agressão contra as tropas que patrulham a avenida Itararé".

Fonte: O Dia
Compartilhar
Publicidade