PUBLICIDADE

Após terremoto na Argentina, tremor é sentido no RS, PR e SP

2 set 2011 - 13h52
(atualizado às 18h34)
Compartilhar

Um terremoto que atingiu a província argentina de Santiago del Estero, no norte do país, reverberou em pelo menos três Estados brasileiros na manhã desta sexta-feira. O abalo na Argentina foi sentido pouco antes das 11h e foi classificado em 6,4 graus na escala Richter pelo Instituto Geológico dos Estados Unidos. O tremor foi registrado a uma profundidade de 635 km e foi sentido no Rio Grande do Sul, no Paraná e em São Paulo.

Prédio é evacuado no Centro Empresarial Benedito Correia de Oliveira, avenida Brasil, centro de Maringá
Prédio é evacuado no Centro Empresarial Benedito Correia de Oliveira, avenida Brasil, centro de Maringá
Foto: Douglas Marçal/O Diário de Maringá / Futura Press

Em Passo Fundo, no interior gaúcho, o Corpo de Bombeiros recebeu três telefonemas de moradores de prédios diferentes, mas situados em uma mesma região da cidade, acusando tremores por volta das 10h30. De acordo com o sargento Rangel, a ocorrência não é comum no município. Embora funcionários do Hospital da Cidade de Passo Fundo não tenham percebido nada anormal, trabalhadores dos sétimo e oitavo andares do Hospital São Vicente de Paulo desceram pelas escadas até o térreo devido ao abalo.

"Sentimos o prédio se movimentando e ficamos no térreo tentando ver se alguém sabia de alguma coisa. Disseram que o tremor durou 30 segundos, mas pareceu mais, cerca de 1 minuto", disse a assessora Endiel Mello. Segundo ela, nada parecido foi registrado em alas que abrigam pacientes. Um técnico de segurança passou pelos andares, onde ficam setores administrativos do hospital, e não constatou danos estruturais. Chefe da Defesa Civil da cidade, Marcio Patuffi afirmou ao Terra que o órgão não foi alertado de qualquer anormalidade.

Já a Defesa Civil de Campinas, em São Paulo, divulgou ter registrado duas solicitações de vistorias após pessoas sentirem tremores causados pelo terremoto na Argentina - uma no bairro Guanabara e outra no Cambuí, regiões mais centrais da cidade. "Não temos registros de grandes tremores no Brasil, mas é normal que as pessoas sintam pequenas trepidações quando um forte terremoto atinge um país muito próximo. No entanto, são movimentações que não oferecem nenhum risco à população", explicou o diretor do órgão, Sidnei Furtado.

Os habitantes de Maringá, a 350 km de Curitiba, também sentiram a terra tremer nesta sexta-feira. O Corpo de Bombeiros recebeu vários chamados relativos ao tremor, principalmente de moradores do centro da cidade. O prédio da Paraná Assistência Médica (PAM) chegou a ser evacuado, mas, segundo os bombeiros, foi iniciativa própria da empresa. Ainda de acordo com os bombeiros, o tremor não causou danos ao prédio ou a outras construções na cidade. Ninguém ficou ferido.

Segundo o técnico em sismologia Instituto de Astronomia Geofisica e Ciencias Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) José Roberto Barboso, o raio de propagação de um tremor de grande magnitude como o registrado nesta sexta-feira na Argentina costuma ser grande, mas não traz maiores problemas para prédios no Brasil. "As ondas acabam se propagando pelo interior do solo e se refratando, chegando à superfície, caminhando até desaparecer completamente. Isso é sentido em território nacional principalmente em metrópoles com prédios altos, onde há o tremor porque a estrutura do edifício funciona como pêndulo ao contrário. É como uma pedrinha jogada dentro de uma bacia d'água: quem está mais próximo às elipses - prédios e construções - chacoalham um pouco mais, mas sem grandes problemas", disse Barbosa ao Terra.

Barbosa lembra que um terremoto de 1994, na Bolívia, foi sentido em 16 Estados brasileiros e até mesmo no Canadá. Ainda assim, o sismólogo alerta que abalos menos profundos podem não ser tão dóceis. O professor Lucas Vieira Barros, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), que também considera que os tremores no Brasil foram reflexo do abalo em Santiago del Estero, explica que a alta profundidade do terremoto diminui o estrago que ele provoca na superfície, mas leva mais longe a sensação de tremor, como foi o caso.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade