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Política

Ministros tiveram 'infelicidade' ao assumir pastas, diz PMDB

18 ago 2011 - 17h24
(atualizado às 17h31)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

O presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp (PMDB-RO), atribuiu nesta quinta-feira à "infelicidade" o fato de o ministro do Turismo, Pedro Novais, e do ex-chefe da Agricultura, Wagner Rossi, terem seus nomes ou pastas vinculados a denúncias de corrupção e desvio de recursos. Para o parlamentar, não se pode atribuir aos dois peemedebistas responsabilidade sobre as eventuais irregularidades, já que os problemas alvo de suspeitas existiam antes da gestão deles.

<p>No dia 15 de março, a presidente Dilma Rousseff fez sua primeira substituição na Esplanada dos Ministérios em 2013, trocando o pedetista Brizola Neto (dir.) pelo secretário-geral da legenda, Manoel Dias (SC), no comando do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ele já havia sido cotado para comandar o MTE quando Carlos Lupi caiu por denúncias de corrupção. Dias é um pedetista histórico e ajudou a fundar o partido em 1980 ao lado de Leonel Brizola e de Dilma Rousseff</p>
No dia 15 de março, a presidente Dilma Rousseff fez sua primeira substituição na Esplanada dos Ministérios em 2013, trocando o pedetista Brizola Neto (dir.) pelo secretário-geral da legenda, Manoel Dias (SC), no comando do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Ele já havia sido cotado para comandar o MTE quando Carlos Lupi caiu por denúncias de corrupção. Dias é um pedetista histórico e ajudou a fundar o partido em 1980 ao lado de Leonel Brizola e de Dilma Rousseff
Foto: Arte / Terra

"O Pedro Novais, assim como o Wagner Rossi, acho que tiveram a infelicidade de ter assumido um ministério já com problema. Esses problemas não começaram agora. Isso vem represando de muito tempo. Não podemos culpar nem o Pedro Novais nem o Wagner Rossi por problemas que já vêm acontecendo há anos dentro dos ministérios", defendeu Raupp, que não apontou eventuais responsáveis pelos supostos esquemas de corrupção nas duas pastas.

Desde 2006, o Ministério da Agricultura é controlado pelo PMDB. O deputado Reinhold Stephanes, do Paraná, comandava a pasta antes de Rossi. No caso do Ministério do Turismo, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) e Luiz Barretto eram os ministros anteriores a Pedro Novais.

"Os ministros se alternam. Uma hora é um partido que ocupa, outra hora é outro, outra hora é um técnico de carreira, como é o caso agora do Ministério dos Transportes. Em um país democrático é que acontecem essas coisas de em poucos meses vários ministros serem substituídos. Espero que dê uma parada agora, que dê uma trégua", resumiu o dirigente do PMDB.

A queda do ministro da Agricultura

Em decisão que surpreendeu a própria presidente Dilma Rousseff, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), pediu demissão no dia 17 de agosto de 2011, após uma série de denúncias contra sua pasta e órgãos ligados a ela. Em sua nota de despedida, ele alegou que deixava o cargo a pedido da família e afirmou que todas as acusações são falsas, tendo objetivos políticos como a destituição da aliança de apoio à presidente e ao vice, Michel Temer.

A revista Veja publicou, no final de julho, denúncias do ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto de que um consórcio entre o PMDB e o PTB controlaria o Ministério da Agricultura para arrecadar dinheiro. O denunciante é irmão do senador Romero Jucá, líder do governo no Senado, e foi exonerado após denúncia da própria revista de que teria autorizado o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa "fantasma".

Outra reportagem afirmou que um lobista, Júlio Froés, atuaria dentro da pasta preparando editais, analisaria processos de licitação e cuidaria dos interesses de empresas que concorriam a verbas. Segundo a revista, o homem teria ligações com Rossi e com o então secretário-executivo do ministério, Milton Ortolan. Ambos negaram envolvimento, mas Ortolan pediu demissão em 6 agosto. Em seu lugar foi escolhido o assessor especial do ministro José Gerardo Fontelles, que acabou assumindo o lugar do próprio Rossi interinamente.

No dia 16 de agosto, o Correio Braziliense publicou reportagem que afirmava que Rossi e um filho sempre são vistos embarcando em um jato da empresa Ourofino Agronegócios. Conforme a publicação, o faturamento da Ourofino cresceu 81% depois que a empresa foi incluída como fornecedora de vacinas para a campanha contra a febre aftosa. O ministro admitiu que pegou "carona" algumas vezes na aeronave, mas negou favorecimento à empresa e disse que o processo para a companhia produzir o medicamento teve início em 2006, antes de ir para o ministério.

Contudo, a Comissão de Ética da Presidência anunciou que iria analisar a denúncia. Por fim, no dia em que Rossi decidiu pedir demissão, o ex-chefe da comissão de licitação da pasta Israel Leonardo Batista afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que Fróes lhe entregou um envelope com dinheiro depois da assinatura de contrato milionário da pasta com uma empresa que o lobista representava. A Polícia Federal instaurou um inquérito para tratar o caso.

Fonte: Terra
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