Em tom conciliador, Dilma e tucanos trocam elogios em SP
- Vagner Magalhães
- Direto de São Paulo
O lançamento da versão Sudeste do plano Brasil sem Miséria, na manhã desta quinta-feira, em São Paulo (SP), reuniu a presidente da República, Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, de Minas Gerais, Antonio Anastasia, ambos do PSDB, do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB). Em clima cordial, os tucanos e a presidente Dilma trocaram elogios mútuos.
Em sua fala, o governador de São Paulo afirmou que o período de disputas políticas foi ultrapassado e agora é hora de reunir esforços para aqueles quem ais precisam do Brasil. "Este é um momento que a política, tantas vezes aviltada, cumpre a sua função de zelar pelo bem das pessoas, abrir portas, criar oportunidades. Identifico aqui um marco. Isso se deve ao seu (de Dilma), patriotismo, generosidade e espírito conciliador."
Em seguida, Alckmin elogiou Dilma, lembrando, porém, de Fernando Henrique Cardoso. "A senhora faz um acerto histórico em aceitar a experiência daqueles que vieram antes de nós. Foi a estabilidade da economia, nos anos 90, que permitiu ao governo se organizar para atender aos mais pobres. Foi no governo FHC que se iniciou esse processo, com os programas de transferência de renda", disse.
Na sequência, sobrou um elogio até para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ele foi muito inteligente ao editar a medida provisória de 2003 que juntou todos esses programas. A erradicação da miséria é uma das formas de ser da ética na política", disse Alckmin.
Durante a fala dos governadores, Dilma, que estava sentada ao lado de Fernando Henrique Cardoso, passou boa parte da cerimômia converando com ele. Ao tomar o púlpito, agradeceu ao ex-presidente o gesto de ter comparecido à cerimônia e disse que o pacto entre os governadores ajuda a "construir um novo Brasil onde todos trabalham a favor de todos".
Segundo ela, este é um momento difícil de tirar as pessoas da pobreza extrema e fazer com que elas mudem de classe social. "Esses instrumentos só funcionarão de fato se cada uma das lideranças fizer a sua parte. Só assim realizaremos o lema do Brasil sem miséria. É o Brasil chegando onde houver um só brasileiro passando fome, sede, sem emprego, sem assistência", afirmou.
Projeto
Durante o evento, foi anunciada uma série de ações conjuntas com o objetivo de retirar da extrema pobreza 2,7 milhões de pessoas. De acordo com levantamento do governo federal 79% da população mais pobre estão concentrados na área urbana.
O principal objetivo é localizar e cadastrar as pessoas que têm uma renda mensal abaixo de R$ 70 e que não estão cadastradas em nenhum programa social.
Com o governador de São Paulo, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campelo, assinou acordo para complementação de renda do Bolsa Família. O acordo prevê que 300 mil famílias sejam contempladas até 2014.
Em São Paulo, as famílias com renda familiar abaixo de R$ 70, ainda que recebam o Bolsa Família, serão incluídas como beneficiárias do programa Renda Cidadã, do governo do Estado. O valor mínimo de recebimento será de R$ 20 e o valor máximo ainda não foi definido. Essa complementação já existe nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Também foi assinado um acordo de cooperação técnica com a Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica para que as concessionárias ajudem na divulgação de informações e na localização das famílias de baixa renda.
Outro acordo foi assinado com a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) para que nos quatro estados sejam feitas compras de produtos de agricultores familiares.
Na área de educação, também há planos de expansão da rede de ensino técnico. A instalação de 286 Unidades Básicas de Saúde também faz parte do projeto. Cerca de 11 mil famílias que não possuem ligação elétrica em suas residências também deverão ser contempladas.
