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Polícia

AL: 9 juízes vivem sob ameaça do crime organizado

15 ago 2011 - 15h25
(atualizado às 19h27)
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Odilon Rios
Direto de Maceió

Dados da Associação dos Magistrados de Alagoas (Almagis) apontam que nove juízes são obrigados a ter segurança 24 horas por dia por estarem na mira do crime organizado. São homens como Hélder Loureiro, que ajudou a desbaratar, em 1998, a gangue fardada - uma organização criminosa formada por policiais militares e que tinha licença para matar desafetos políticos da elite do Estado -, ou o juiz Gustavo Lima, que em 2008 determinou o afastamento de deputados estaduais acusados de desviar R$ 300 milhões da folha de pagamento da Assembleia Legislativa.

No País, segundo dados da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), são 87 juízes sob ameaça de morrer. "A entidade emite nota de solidariedade e pede a proteção policial do Estado", disse o presidente da Almagis, Pedro Ivens.

O caso do juiz Marcelo Tadeu - que pertenceu à única Vara de Execuções Penais no Estado - é um dos mais emblemáticos. Ele escapou de morrer em 4 de julho de 2009, quando um advogado foi assassinado por engano perto dele, no bairro nobre da Ponta Verde. "Pelas investigações que fiz, uma das pessoas que iria me matar era um preso. Ele desistiu da ação quando soube que o morto seria eu", disse o magistrado, conhecido como de linha dura e ainda hoje chamado de "pai" nos presídios de Alagoas.

Por mais de uma vez, Marcelo Tadeu afirmou que sua "cabeça" custava R$ 20 mil. Em junho, viajou a Brasília para uma audiência com a ministra Eliana Calmon, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a fim de relatar o caso. Ele quer reunir os juízes ameaçados de morte em Alagoas para cobrar providências.

"Quando fui ameaçado, me mandaram dois policiais desarmados e que estavam acima do peso. Nem cabiam no meu automóvel. Eu mesmo dispensei tal segurança", disse o magistrado. Segundo ele, a juíza Patrícia Acioli, assassinada no Rio de Janeiro na semana passada, foi "vítima da solidão". "O Estado abandona os juízes à própria sorte. Como a magistrada que estava atuando no combate a milícias não tinha qualquer segurança?"

Juíza estava em "lista negra" de criminosos
A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto, na porta de sua residência em Piratininga, Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados mais de 20 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia, 47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.

Movimento Rio de Paz protesta contra a morte da juíza Patrícia Acioli, em frente ao fórum de São Gonçalo, onde ela atuava
Movimento Rio de Paz protesta contra a morte da juíza Patrícia Acioli, em frente ao fórum de São Gonçalo, onde ela atuava
Foto: Tasso Marcelo / Agência Estado
Fonte: Especial para Terra
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