PUBLICIDADE

Polícia

Dono de Porsche que matou advogada alega ter renda de R$ 1 mil

22 jul 2011 - 17h31
(atualizado às 20h12)
Compartilhar

Ricardo F. Santos
Direto de São Paulo

O empresário Marcelo Malvio Alves de Lima, 36 anos, que matou uma mulher ao bater em seu carro com um Porsche a cerca de 150 km/h há duas semanas na zona sul de São Paulo, pode ter que responder, além da acusação por homicídio doloso, a outro processo, desta vez na área fiscal. Segundo o delegado Noel Rodrigues, que interrogou Lima na quinta-feira no 15º DP (Itaim-Bibi), o acusado, que quitou a maior parte de um carro de cerca de R$ 500 mil e possui um apartamento no valor aproximado de R$ 800 mil, apresentou declarações que atestavam uma renda de cerca de R$ 1 mil mensais.

A informação gerou suspeitas acerca do Imposto de Renda de Lima. "Eu perguntei se ele tinha participações no lucro das empresas, e ele disse que sim, mas quando eu perguntei o valor, ele disse que precisava ver com o contador", afirmou Rodrigues. Segundo o delegado, que deve encaminhar o processo para a 5ª Vara do Júri da Capital no início da semana que vem, a decisão de abrir outro processo cabe ao promotor Rogério Zagallo, que acompanhou o interrogatório. "Mas ele (Zagallo) deve abrir outro processo sim."

Durante sua internação de quatro dias no hospital São Luiz, zona sul da capital, Lima pagou uma fiança de R$ 300 mil para responder ao processo em liberdade. Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o valor foi estipulado levando em conta as declarações de renda do acusado e o valor do carro. Após nova análise dos documentos, Zagallo requereu à Justiça a duplicação no valor da fiança, mas o pedido foi negado.

O acidente ocorreu na madrugada do dia 9 de julho, por volta das 3h. O Porsche, conduzido por Lima, colidiu violentamente com um Tucson no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo. A advogada baiana Carolina Menezes Santos, 28 anos, trafegava pela rua Bandeira Paulista e, no cruzamento com a Tabapuã, avançou no sinal vermelho. Nesse momento, seu carro foi atingido pelo Porsche, arremessado a mais de 20 m e prensado em um poste. Carolina morreu na hora.

No depoimento de ontem, Lima disse ter acelerado quando estava no semáforo a dois quarteirões dali, porque teve medo de ser assaltado ao ver duas "pessoas estranhas". Ele contou ter jantado com uma amiga e, após tê-la deixado em casa, causou o acidente.

Segundo o delegado, que refez o caminho do acusado, o trecho entre a casa da amiga e o local do acidente pode ser percorrido em dez minutos de carro. "Ele deixou a amiga na casa dela à 1h30. No entanto, a colisão ocorreu às 2h23. Estamos investigando o que ele poderia ter feito nesse ínterim", disse Rodrigues.

Lima negou estar bêbado, e declarou se lembrar pouco do que aconteceu antes e depois do acidente. Medicamente, disse Rodrigues, isso é possível. No entanto, o acusado se lembra da médica do hospital São Luiz, para onde foi encaminhado, atestando sua sobriedade. "Eu conversei com ele antes e depois de ele ver a médica, mas de mim ele não lembrou", afirmou o delegado.

A polícia ainda não sabe quem é a médica que examinou Lima, mas entrou em contato com o hospital para obter a informação. De acordo com o delegado, o diagnóstico que apontou que o acusado não estava bêbado foi apenas visual - não envolveu teste de coordenação motora, por causa dos ferimentos de Lima, tampouco exame clínico. Logo após o acidente, o empresário se negou a fazer qualquer teste que atestasse embriaguez.

Antes de chorar ao fim do depoimento, o acusado concordou que estava acima do limite da via, de 60 km/h, mas pouco além disso. A declaração vai de encontro ao que concluiu a perícia. Analisando imagens de câmeras de segurança, a polícia afirmou que o carro estava a cerca de 180 km/h, o que Rodrigues acha plausível. "Aquele carro atinge 160 km/h em cerca de sete segundos. No trecho de 240 m, de onde ele disse ter visto pessoas estranhas até o local do acidente, ele poderia facilmente ter alcançado essa velocidade."

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade