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Cidades

Sindicato: acham mais barato enterrar operário que ter segurança

21 jul 2011 - 19h11
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Várias obras em execução no campus da Universidade de Brasília (UnB) não oferecem condições de segurança aos trabalhadores. A denúncia foi feita nesta quinta-feira pelo primeiro-secretário do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sinduscon-DF), João Barbosa. "Os empresários (da construção civil) acham mais barato enterrar um operário do que investir em segurança", afirmou, enquanto acompanhava o resgate dos corpos de três operários que morreram em um deslizamento de terra em uma obra de ampliação do Hospital Universitário de Brasília (HUB).

Bombeiros resgatam corpo de um dos operários soterrados na obra do Hospital Universitário de Brasília
Bombeiros resgatam corpo de um dos operários soterrados na obra do Hospital Universitário de Brasília
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Segundo Barbosa, em maio, o Sinduscon denunciou ao Ministério do Trabalho a falta de segurança nas obras em andamento no campus da UnB. Mesmo assim, assinalou o sindicalista, elas continuaram sendo executadas. Desde o início do ano, 12 operários - contabilizando as três vítimas de hoje - morreram em acidentes do trabalho no Distrito Federal (DF), informou Barbosa. "Choques elétricos, quedas e soterramentos são as principais causas dos acidentes."

Segundo a UnB, nenhuma denúncia foi entregue aos responsáveis pela contratação da empresa Anhaguera, de Goiânia, que executa a obra no HUB. O fiscal de segurança da UnB Josafá Silva disse que na quarta-feira determinou que a obra fosse interrompida por motivos de segurança. No entanto, completou, a ordem foi descumprida hoje pela manhã pelo mestre de obras identificado apenas como Raimundo.

"Fizemos um relatório descrevendo todas as irregularidades, como, por exemplo, o perigo de queda (de operários) do andar térreo para o subsolo por falta de sinalização, além da falta de estrutura na escavação da rede de esgoto", disse Josafá. Os responsáveis pela construtora não foram encontrados no local do acidente pela Agência Brasil.

Resgate dos corpos

Por volta das 17h, os bombeiros terminaram o resgate dos corpos dos três operários. O primeiro a ser resgatado foi o servente Nelson Holanda da Silva, 34 anos. Os corpos do carpinteiro Raimundo José da Silva e do pedreiro Lourival Leite de Morais foram encontrados em um buraco de aproximadamente 6 m de profundidade.

"O que resta agora para a família é somente a sensação de perda", disse Antônio Aldeirton, cunhado do servente Nelson. "Ele já havia reclamado da falta de segurança na obra, mas mesmo assim trabalhou seis meses nela."

A irmã de Nelson, Zilma Holanda de Sousa, confirmou que ele se queixava do perigo no trabalho. "Uma vez o Nelson falou que teve que trabalhar mesmo não querendo. Ele ainda chegou a dizer que não queria trabalhar na escavação do buraco", afirmou. O servente tinha uma filha de 14 anos.

Agência Brasil Agência Brasil
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