Marcha das Vadias reúne famílias e crianças em Curitiba
16 jul2011 - 15h30
(atualizado às 15h54)
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Joyce Carvalho
Direto de Curitiba
A cada 24 segundos, uma mulher é vítima de violência no Brasil. Chamando atenção para essa realidade, a Marcha das Vadias percorreu ruas do centro de Curitiba (PR) neste sábado, com a participação de crianças, adultos e muitas famílias. A passeata parou o trânsito em vias movimentadas da região central e chamou a atenção de quem passava por perto. Tanto pelo barulho e pela quantidade de participantes quanto pelo nome. A marcha reuniu aproximadamente 500 pessoas e contou com o apoio de entidades de defesa da mulher e da Delegacia da Mulher da capital. A Marcha das Vadias já ocorreu em diversas cidades brasileiras este ano, seguindo o movimento mundial do "slut walk", iniciado no Canadá.
De acordo com Ludmila Nascarella, uma das organizadoras da marcha em Curitiba, muitas vezes as próprias mulheres saem como "culpadas" nos casos de violência sexual. Ela ressalta que usar uma blusa decotada não significa que a mulher esteja chamando um homem para um ato sexual. "Muitas pessoas dizem que a mulher sofreu a violência porque provocou. Isto é um absurdo. A mulher não tem consciência plena do que provoca no homem", disse.
Além da violência, a passeata chamou a atenção para a importância da mulher se respeitar e valorizar o próprio corpo. "Não é porque mostramos o corpo que podemos ser desrespeitadas", afirmou Maira Nunes, outra organizadora da marcha. "Nós fizemos questão de chamar as famílias. Elas precisam discutir este assunto. E é a família que ensina os valores", disse.
Durante a marcha, os manifestantes fecharam cruzamentos, dançaram músicas no meio da rua e fizeram apresentações artísticas. Na praça 19 de Dezembro, conhecida como praça do Homem Nu, algumas pessoas subiram em cima de uma escultura de uma mulher nua e incentivaram "gritos de guerra" e paródias de músicas, como "se o papa fosse mulher, o abordo seria legal". Ou ainda, "sim, eu sou vadia, o imposto me come todo dia" e "o corpo é da mulher, ela dá para quem quiser".
A estilista Mayra Quadros, que participou da Marcha e levou junto a filha de 2 anos, disse que a menina "desde cedo" "está exercendo a liberdade dela". "Ela está vendo o verdadeiro valor da mulher", disse.
Pessoas que participaram da "Marcha das Vadias" ocuparam na tarde deste sábado meia pista da avenida Alântica, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro
Foto: Gabriel Macieira / Especial para Terra
Pessoas participaram da "Marcha das Vadias" com cartazes, palavras de ordem e cantos feministas contra a exploração sexual
Foto: Gabriel Macieira / Especial para Terra
Manifestantes seguravam cartazes com palavras de ordem. Entre as reinvidicações da "Marcha das Vadias", estão o direito de ir, vir e existir sem ser vítima da violência, atendimento de qualidade pelo SUS para todas as pessoas que sofrem violência sexual e a implementação efetiva da Lei Maria da Penha
Foto: Gabriel Macieira / Especial para Terra
Mulheres escreveram nos próprios corpos como forma de manifestação
Foto: Gabriel Macieira / Especial para Terra
Cerca de 500 pessoas participaram na tarde deste sábado da "Marcha das Vadias", no Rio de Janeiro
Foto: Gabriel Macieira / Especial para Terra
Mulheres protestaram contra a violência sexual no Rio de Janeiro
Foto: Luiz Gomes / Futura Press
A "Marcha das Vadias" reuniu mulheres que protestaram contra o fim da violência sexual
Foto: Luiz Gomes / Futura Press
O protesto de nome irreverente levou centenas de mulheres à Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Em um dos cartazes pode-se ler: "Nem santa nem vadia, mulher"
Foto: Luiz Gomes / Futura Press
Vestidas com roupas curtas e até íntimas, as mulheres sinalizaram seu protesto mordendo maçãs. O gesto faz referência à história bíblica na qual Eva teria cometido o pecado de comer o fruto proibido e, assim, terminado com o "paraíso"
Foto: Luiz Gomes / Futura Press
Durante o percurso, panfletos foram distribuídos explicando a finalidade da causa
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Aos gritos de "fora Bolsonaro" e "fora Myrian Rios", o grupo caminhou cerca de 3,5 km
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
A marcha foi divulgada pela Internet
Foto: Jaime Batista da Silva / vc repórter
Entre as reinvidicações do movimento, estão o direito de ir, vir e existir sem ser vítima da violência
Foto: Jaime Batista da Silva / vc repórter
Mulher segura faixa contra a violência e a exploração sexual
Foto: Jaime Batista da Silva / vc repórter
Com o bloqueio parcial da pista, a avenida Atlântica registrou intenso congestionamento