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Polícia

Com favelas pacificadas, cariocas testam teleférico do Alemão

11 jul 2011 - 16h02
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Luís Bulcão
Direto do Rio de Janeiro

Ainda tentando se acostumar com o teleférico, que entrou em funcionamento após a visita da presidente Dilma Rousseff, na quinta-feira, os moradores do Complexo do Alemão aproveitavam para testar a novidade nesta segunda. Apesar do pedido do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para que não fossem empinadas pipas próximo ao teleférico, dezenas delas podiam ser vistas entre as gôndolas que ligam seis comunidades. O local recebe o teleférico pouco mais de sete meses após sua ocupação por parte de forças de segurança em uma ação contra o tráfico, ocorrida depois de uma série de ataques na cidade em novembro.

De olhos vidrados na janela da cabine, Kaique Fernandes Santos, 7 anos, ficou impressionado com a proximidade com que as cabines passam das casas em alguns pontos. "Dá para ver tudo lá dentro", disse. Ele foi da Ilha do Governador, onde mora, ao Complexo do Alemão levado pelo avô Maicon Oliveira dos Santos, 63 anos. A irmã, Brenda, 4 anos, também se divertia no trajeto.

Nívia Vânia Pereira, 21 anos, aproveitava a mobilidade do teleférico para passear com seu marido, Fábio Alves, 23 anos. Com sete meses de gestação, Nívia comemorou a chegada do novo meio de transporte. "A estação Palmeiras fica bem perto da nossa casa", afirmou. O casal trabalha na própria comunidade e disse que não deve necessitar das gôndolas diariamente. Fábio, no entanto, reconhece que o teleférico pode ser de grande serventia para quem trabalha no centro. "Antes o pessoal gastava até R$ 7 para ir de um lado a outro no Complexo. Agora vai ser só R$ 1", afirmou.

O teleférico

Ainda em fase de testes, o teleférico funcionará gratuitamente apenas de segunda à sexta-feira das 9h às 11h e das 14h às 16h nos primeiros 30 dias. Após, o horário de funcionamento vai aumentar para seis horas diárias. Em 60 dias, o teleférico passará a funcionar normalmente e a passagem custará R$ 1.

O teleférico do Complexo do Alemão tem 152 gôndolas para o transporte de 3 mil passageiros por hora. Em cada gôndola, cabem oito pessoas sentadas e duas em pé. Para percorrer o caminho entre a primeira estação, Bonsucesso, e a última, Palmeiras, são necessários 16 minutos. Nas primeiras quatro horas de funcionamento, o teleférico recebeu 8,6 mil passageiros.

Violência no Rio

O Complexo do Alemão está ocupado pelas forças de segurança desde o dia 28 de novembro. A tomada do local aconteceu praticamente sem resistência numa ação conjunta da Polícia Militar, Civil, Federal e Forças Armadas. A polícia investiga uma possível fuga de traficantes pela tubulação de esgoto do Alemão antes dos policiais subirem o morro. Na quinta, 25 de novembro, a polícia assumiu o comando da Vila Cruzeiro, na Penha. Ambos dominados, até então, pela facção criminosa Comando Vermelho. As ações foram uma resposta do Estado a uma série de ataques, que começou na tarde do dia 21 de novembro. Em uma semana, pelo menos 39 pessoas morreram e mais de 180 veículos foram incendiados por criminosos nas ruas do Rio de Janeiro.

Dentro de 60 dias, o teleférico funcionará normalmente, durante seis horas por dia e a passagem custará R$ 1
Dentro de 60 dias, o teleférico funcionará normalmente, durante seis horas por dia e a passagem custará R$ 1
Foto: Luís Bulcão / Especial para Terra
Fonte: Especial para Terra
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