Rio: bombeiros deixam quartel marchando e cantando
Os mais de 400 bombeiros presos e dois policias militares saíram marchando do Quartel Central dos Bombeiros de Charitas, em Niterói, região metropolitana do Rio. Os militares cantaram o hino da corporação e o Hino Nacional, e seguiram em direção aos ônibus. Muitos familiares e vários moradores de Niterói acompanharam emocionados a libertação dos presos.
Confira o salário dos bombeiros em cada Estado do País
Justiça manda soltar bombeiros
A Justiça concedeu, na madrugada de sexta-feira, um habeas corpus que garante liberdade a todos os bombeiros presos. O recurso foi pedido por parlamentares da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados e atendido pelo desembargador Cláudio Brandão.
"Convencido de que a manutenção da prisão não mais se justifica, defiro a liminar requerida e concedo liberdade provisória aos militares presos no episódio mencionado na petição inicial e que constam na relação", informa a decisão do desembargador.
Por volta das 22h45 de ontem, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) informou sobre a soltura de nove bombeiros a jornalistas e familiares que estavam em frente ao quartel do Corpo de Bombeiros em Charitas. Os oficiais que estavam no batalhão do Gepe (Grupamento Especial de Policiamento), localizado em São Cristovão, chegaram a Charitas, onde dormiram para para aguardar os alvarás dos outros colegas. Segundo o deputado, dos nove oficiais, um é mulher, a tenente Lucrécia.
Bombeiros na cadeia
Cerca de 2 mil bombeiros que protestavam por melhores salários invadiram o quartel do Comando-Geral dos Bombeiros, na praça da República, em 3 de junho. Os manifestantes chegaram a usar mulheres como escudo humano para impedir a entrada da cavalaria da Polícia Militar no local. No entanto, o Batalhão de Choque da Polícia Militar (Bope) invadiu o quartel por volta das 6h do dia seguinte e prendeu 439 bombeiros.
Os integrantes do protesto responderão pelos crimes de motim, dano ao aparelhamento militar (carros e mobiliário), dano a estabelecimento (quartel) e inutilização do meio destinado a salvamentos (impedir que carros saíssem para socorro). Dados oficiais apontam que os manifestantes danificaram viaturas, arrombaram portas do quartel e saquearam alimentos.
A situação vinha se tornando mais tensa desde maio, quando uma greve de guarda-vidas, que durou 17 dias, levou cinco militares à prisão. A paralisação acabou sendo encerrada por determinação da Justiça. Os bombeiros alegavam não ter recebido contraproposta do Estado sobre a reivindicação de aumento do piso mínimo para R$ 2 mil. Segundo eles, os profissionais recebem cerca de R$ 950 por mês.