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Política

Em convenção tucana, Aécio cobra CPI e explicações de Palocci

28 mai 2011 - 17h08
(atualizado às 20h06)
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Cláudia Andrade
Direto de Brasília

O ex-governador de Minas Gerais e atual senador Aécio Neves (PSDB-MG) cobrou neste sábado a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito no Congresso Nacional para investigar o aumento de patrimônio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. "O PSDB já deu suas assinaturas. O Brasil clama ainda por explicações em relação ao aumento de patrimônio do ministro e o PSDB tem utilizado todas as instâncias possíveis para que isso ocorra", disse. A oposição ainda não conseguiu alcançar as 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara dos Deputados para instalar a comissão parlamentar mista.

O caso Palocci foi alvo de críticas indiretas nos discursos dos tucanos durante Convenção Nacional realizada em Brasília. O ex-governador de São Paulo José Serra foi um dos mais veementes. "Este é o Brasil do engano. Temos um governo negligente, ineficiente, omisso e incompetente e que agora, de novo, começa a navegar nas águas da corrupção. Temos que ter isso presente", afirmou.

O presidente de honra do partido, Fernando Henrique Cardoso, foi outro crítico dos adversários petistas, dizendo que o governo Dilma "é fracasso pra todo lado e muito papo furado" e que "usa instrumentos para calar a boca, para impedir CPI e fazer tudo por medida provisória".

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo afirmou que o patrimônio de Palocci se multiplicou por vinte nos últimos quatro anos. A oposição protocolou representações contra o ministro e recolheu assinaturas para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito no Senado, enquanto a base aliada tentou blindar Palocci. Em declarações à imprensa, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse considerar que o ministro já prestou os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes.

Na quarta-feira, deputados tucanos apresentaram nova denúnciacontra o ministro. O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) disseque, de acordo com dados do Sistema Integrado de AdministraçãoFinanceira (Siafi), Palocci teria praticado tráfico de influência parabeneficiar a então candidata do PT à presidência da República em 2010,Dilma Rousseff. Um cliente da empresa de consultoria de Palocci teriarecebido cerca de R$ 9 milhões em restituição do imposto de rendapessoa jurídica (IRPJ) logo após o primeiro turno das eleições, edoado R$ 2 milhões para a campanha petista. Mais tarde, o Ministérioda Fazenda alegou que o pagamento das restituições do Imposto de Rendaà empreiteira ocorreu por determinação da Justiça.

Mensalão

A convenção contou com também com a presença do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), que defendeu o esclarecimento das denúncias contra Palocci, mas posicionou-se contra uma CPI."Não tem motivo para fazer CPI. Uma CPI vai paralisar o governo Dilma, e o País não precisa disso".

Ele disse ver o caso Palocci "com apreensão", mas descartou qualquer semelhança entre as atuais denúncias e aquelas do esquema do mensalão, suposto pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político, denunciado por ele mesmo em 2005. "Não vejo semelhança. O mensalão não existe mais. É um fato superado que ficou no passado da história do País".

Crise na oposição

Depois da derrota nas eleições presidenciais de 2010, a oposição enfrenta uma crise marcada por rachas internos e a possível fusão de PSDB e DEM. O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso afirmou que há conversas sobre a união das duas legendas, mas que são "preliminares". Para o senador Aécio Neves (PSDB), as reuniões com o DEM para a definição das candidaturas nas eleições municipais de 2012 devem começar o quanto antes. Aécio, no entanto, descartou uma fusão das duas siglas.

Na capital paulista, sete vereadores haviam anunciado saída do PSDB, mas Adolfo Quintas voltou atrás e foi nomeado secretário-geral do PSDB municipal. Segundo o grupo dissidente, a decisão foi tomada em razão da dificuldade de diálogo com a nova cúpula do partido no município, presidido por Julio Semeghini. Em convenção do PSDB paulista, José Serra admitiu a crise, inclusive "em nível federal", enquanto o governador Geraldo Alckmin preferiu dizer que "há fragmentações".

Ao mesmo tempo, o prefeito paulistano, Gilberto Kassab, deixou o DEM e iniciou um processo de criação de um novo partido - o PSD - que ganha força com a adesão de outros políticos descontentes dentro da oposição. Entre eles estão o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, o governador do Amazonas, Omar Aziz, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, a senadora Kátia Abreu, e o ex-candidato a vice-presidente na chapa de Serra, Indio da Costa. Quanto à orientação do PSD, Kassab disse que será "independente".

Aécio Neves pediu explicações de Palocci sobre evolução patrimonial do ministro
Aécio Neves pediu explicações de Palocci sobre evolução patrimonial do ministro
Foto: Agência Brasil
Fonte: Terra
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