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Polícia

Após execução de extrativistas, líder camponês é morto em RO

27 mai 2011 - 18h24
(atualizado às 19h26)
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Três dias depois da morte de um casal de extrativistas no Pará, mais uma liderança comunitária da Amazônia foi executada. O agricultor e líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos, conhecido com Dinho, foi morto nesta sexta-feira, por volta de 10h, no distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho (RO). De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dinho estava vendendo verduras que produzia no acampamento onde vive quando foi assassinado a tiros por um motociclista.

Em vídeo, extrativista revela que já vinha sendo ameaçado:

O agricultor vinha sendo ameaçado de morte por denunciar a ação de madeireiros na divisa entre os Estados do Acre, Amazonas e Rondônia. Junto com outros trabalhadores sem terra, Dinho reivindicava a criação de um assentamento da reforma agrária na região. Segundo a CPT, a situação ficou tensa na região nos últimos dias, depois de uma ação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que apreendeu madeira e gado criados em áreas irregulares.

Em julho do ano passado, Dinho chegou a avisar o ouvidor agrário nacional, Gercino Silva, que estava sendo ameaçado, de acordo com a CPT. O Movimento Camponês Corumbiara foi criado após o confronto entre um grupo de trabalhadores sem terra e policiais militares em agosto de 1995, na Fazenda Santa Elina. Doze agricultores foram mortos no episódio.

Na terça-feira, os líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram executados em Nova Ipixuna, no Pará. Segundo a polícia, eles foram atingidos por vários tiros quando passavam por uma ponte no caminho da comunidade rural onde moravam. A exemplo de Dinho, o casal também vinha sendo ameaçado de morte.

Secretarias repudiam execuções
Em nota, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a Secretaria-Geral da Presidência da República, repudiaram o assassinato de Ramos e afirmaram que a perseguição aos movimentos sociais, que vitimou também o casal no Pará, "não podem ser rotina em nosso país e precisam de um basta imediato". Os órgãos do governo federal informaram que exigiram das polícias civil e federal e do governador de Rondônia "a mais rigorosa atitude para investigar o caso e punir os criminosos".

"O governo brasileiro não tolera que crimes como esses aconteçam e fiquem impunes no nosso país. Nesta semana, a presidenta Dilma Rousseff já determinou que a Polícia Federal acompanhe as investigações no Pará, numa atitude enérgica e clara de que crimes como esses não podem se tornar uma prática rotineira em nosso País. Acompanharemos de perto os desdobramentos para garantir justiça. É isso que se espera de um Estado democrático de direito e é assim que o governo procederá."

Agência Brasil Agência Brasil
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