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Política

Guerra: Executiva do PSDB não atenderá 'grupos antagônicos'

19 mai 2011 - 19h27
(atualizado às 21h52)
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Prestes a se reeleger para comandar o maior partido de oposição ao governo Dilma Rousseff, Sérgio Guerra (PSDB -PE) avisa que não aceitará compor uma Comissão Executiva para atender a interesses de grupos do partido. "Nossa chapa (para a Comissão Executiva) jamais vai configurar a colagem de grupos antagônicos. Não serão os grupos que vão formar a nova chapa. Serão as forças do partido e suas bases de maneira que nós possamos ter ao final uma Executiva de total unidade", afirmou o presidente em entrevista nesta quinta-feira.

As dificuldades para obter a unidade no partido não são poucas e ainda estão potencializadas pela conjuntura política, como a criação do PSD pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O movimento provocou a debandada de seis vereadores tucanos da capital para o novo partido. Nesse caso, o presidente tucano avalia que é "natural que os vereadores" sigam o prefeito, ex-DEM, já que eles estão ligados à administração municipal. Os tucanos consideram que só saíram aqueles que tinham uma relação mais forte com Kassab do que com a legenda. "É uma perda, que não é relevante e que não significa que o partido está em crise", afirmou.

A poucos dias de reeleger Guerra e escolher a nova Comissão Executiva do partido para os próximos dois anos, o PSDB vive momentos de turbulência, mas para o presidente tucano, "90% é marola". A convenção será no dia 28, em Brasília. Segundo ele, ao longo da próxima semana será definida a formação da Executiva e a unidade é fundamental "para o partido dar um passo à frente". "O partido não pode ficar dividido e não vai ficar dividido", afirmou.

Apesar de classificar a maioria dos movimentos internos como marola, Guerra avalia que "olhar com lupa" para esses movimentos do partido é o que mais contribui para os desencontros dos dirigentes tucanos. Sobre um eventual atrito com o ex-governador de São Paulo e candidato derrotado nas eleições presidenciais do ano passado, José Serra, ele nega. O político disse inclusive que foi incentivado por ele a dirigir o partido por mais dois anos. "Nos primeiros dias depois da eleição, ele me indicou e pediu que eu fosse candidato a presidente e lançasse minha candidatura. Depois disso, o governador não falou comigo sobre cargos", afirmou.

Guerra também tenta se desvencilhar do rótulo de "aecista" e das insinuações de que trabalhará para construir a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República em 2014. "Quando eu fui presidente da primeira vez todo mundo dizia que eu era gente do Serra. (Dizem isso) porque eu sou independente", disse.

Questionado sobre a possibilidade de colocar outro ex-governador de São Paulo, Alberto Goldmann, na secretaria-geral do partido para substituir Rodrigo de Castro, tido por aliados de Serra como homem muito ligado a Aécio Neves, o presidente tucano disse não que não vê motivos para a troca. "O Goldman pode fazer muita coisa no partido, ser secretário, ser presidente, ser vice-presidente, mas não precisa ser secretário-geral necessariamente", afirmou. "Se a secretária-geral vai bem, por que vamos mexer nisso? Por que um é de Aécio e outro é de Serra? Isso não é unidade. Unidade é ter o partido inteiro lá dentro", disse.

Guerra afirma que, até agora, a única manifestação que recebeu para compor o novo comando partidário partiu dos senadores tucanos que indicaram o ex-senador Tasso Jereissati, derrotado no Ceará nas últimas eleições, para presidir o Instituto Teotônio Vilela, "que não é órgão político, é órgão técnico", disse, referindo-se à entidade de estudos e formação política do PSDB.

Assim como Fernando Henrique Cardoso, o presidente tucano acredita que o PSDB precisa se aproximar da "nova classe média" e reformular o discurso para voltar ao poder. Nesse sentido, planeja modificar radicalmente o plano de comunicação do partido. "Vou fazer um grande investimento de comunicação. Comunicação própria. O partido contrata agências de propaganda e o que é pior uma agência no Paraná, outra no Piauí e tem uma orientação em cada lugar", afirmou.

Crise na oposição

Depois da derrota nas eleições presidenciais de 2010, a oposição enfrenta uma crise marcada por rachas internos e a possível fusão de PSDB e DEM. O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso afirmou que há conversas sobre a união das duas legendas, mas que são "preliminares". Para o senador Aécio Neves (PSDB), as reuniões com o DEM para a definição das candidaturas nas eleições municipais de 2012 devem começar o quanto antes. Aécio, no entanto, descartou uma fusão das duas siglas.

Na capital paulista, sete vereadores haviam anunciado saída do PSDB, mas Adolfo Quintas voltou atrás e foi nomeado secretário-geral do PSDB municipal. Segundo o grupo dissidente, a decisão foi tomada em razão da dificuldade de diálogo com a nova cúpula do partido no município, presidido por Julio Semeghini. Em convenção do PSDB paulista, José Serra admitiu a crise, inclusive "em nível federal", enquanto o governador Geraldo Alckmin preferiu dizer que "há fragmentações".

Ao mesmo tempo, o prefeito paulistano, Gilberto Kassab, deixou o DEM e iniciou um processo de criação de um novo partido - o PSD - que ganha força com a adesão de outros políticos descontentes dentro da oposição. Entre eles estão o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, o governador do Amazonas, Omar Aziz, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, a senadora Kátia Abreu, e o ex-candidato a vice-presidente na chapa de Serra, Indio da Costa. Quanto à orientação do PSD, Kassab disse que será "independente".

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