'Conquistas não são definitivas', diz Lula a metalúrgicos
- Vagner Magalhães
- Direto de São Paulo
O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na noite desta quinta-feira, durante as comemorações dos 52 anos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, que nenhuma conquista é definitiva e que os trabalhadores devem lutar sempre por mais.
"Não existe conquista definitiva. A gente sempre quer mais. Esse sindicato é um dos poucos que já nasceu grande. O Brasil precisa conhecer o que é fazer sindicalismo em São Bernardo. A CUT não conhece o tipo de sindicalismo que é feito em São Bernardo do Campo. Não há nada mais democrático, mais responsável do que a escolha de uma diretoria desse sindicato aqui. Em poucos lugares do mundo tem um agrupamento de pessoas que exercita a democracia como aqui", disse.
Em relação à presidente da República, Dilma Rousseff (PT), que cancelou uma viagem que faria ao Paraguai, no fim de semana, para se recuperar de um princípio de pneumonia, Lula diz que a saúde dela não preocupa. "Eu tenho conversado com ela, que aparentemente está ótima. A saúde dela está boa", afirmou.
No evento, Lula foi agraciado com o Prêmio João Ferrador, pelo seu trabalho na Presidência. Em seu discurso, diz que só pretende dar entrevistas no segundo semestre, quando completa seis meses que deixou o mandato.
Ferrador é um personagem-símbolo da categoria criado nos anos 70. A ilustração foi produzida cartunista Hélio Vargas e redesenhada pelo ilustrador Laerte. Para driblar a censura militar, o personagem tornou-se porta-voz dos trabalhadores. Cartas "escritas" por ele ao governo militar denunciavam as más condições de vida e a exploração do trabalhador, e foram publicadas entre os anos de 1972 e 1980.
"Esse personagem aqui falava coisas que não saia da boca dos dirigentes sindicais. Ele era um bonequinho carrancudo. Muito bravo. Ele dizia 'hoje eu não tô bom"', disse Lula."Tudo o que aconteceu na minha vida aconteceu aqui. Eu conheci a Marisa aqui. Ela se apaixonou comigo aqui. Esse boneco aqui eu vou guardar com carinho muito grande", afirmou o ex-presidente.
Lula disse ainda que está sendo planejado um documentário para mostrar quem frequentava o Palácio do Planalto durante o seu governo. "Estamos pensando em duas possibilidades. Uma mostrando que tipo de gente frequentou o Palácio do Planalto no meu governo. Em outros só entrou banqueiro, empresário. No meu, entraram sem-teto, sem casa, sem marido, sem mulher. Tudo o que você pode imaginar. Eu não conheço na história um governo que exercitou a democracia como a nossa", disse.
