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Política

Delúbio voltou porque cumpriu sua pena, diz presidente do PT

29 abr 2011 - 21h56
(atualizado às 22h17)
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Claudia Andrade
Direto de Brasília

O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), afirmou nesta sexta-feira que o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares teve seu pedido de refiliação aceito pela "convicção da maioria de que havia cumprido sua pena e pago pelos seus atos". A reintegração de Delúbio foi acatada pelo diretório nacional por 60 votos a favor, 15 contrários e duas abstenções.

"A volta do companheiro é um processo regular de filiação. Como não existe pena perpétua no Brasil e tampouco no regimento e estatuto do PT, nós encaramos isso com naturalidade", disse Falcão. A tese da não existência de pena perpétua também foi usada pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT).

"Ele foi expulso. Foi um fato determinado, ele foi punido por conta daquele processo de 2005. Nós no PT temos a tradição de não defender nenhuma pena perpétua, então resolvemos reconsiderar. Isso não representa nenhuma anistia do que foi considerado erro. É um momento novo", afirmou Vaccarezza.

Delúbio assumiu o cargo de tesoureiro do partido no ano 2000. A expulsão veio em outubro de 2005, por "gestão temerária", depois de ser apontado como um dos pivôs do mensalão - suposto esquema de pagamento de mesada a integrantes da base aliada. O ex-tesoureiro é um dos 38 réus no processo que deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano que vem, sendo acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa.

Questionado sobre um possível desgaste que a volta de Delúbio poderia trazer ao partido, Rui Falcão disse que o assunto já estava na imprensa "há muito tempo", o que não impediu a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 nem a eleição de Dilma Rousseff em 2010. "A popularidade da presidente é elevadíssima e isso também é fruto da trajetória do PT", disse.

Presidência

Rui Falcão foi eleito para comandar o partido até 2013 também nesta sexta-feira. Ele ocupava o cargo interinamente desde março, por conta da licença médica de José Eduardo Dutra, que comunicou sua renúncia ao diretório nacional, apresentando laudos médicos que apontavam problemas de saúde.

A renúncia abriu caminho para a efetivação de Rui Falcão, por unanimidade. Durante a campanha presidencial, o deputado foi acusado de conhecer um suposto dossiê com informações sobre a filha do ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Ele nega a produção de tal dossiê.

O mensalão

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema. O caso veio a público quando foi denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson. Segundo Jefferson, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Em janeiro de 2008, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com o acordo, Pereira teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos. No relatório, Barbosa apontou o ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu; o ex-presidente do PT, deputado José Genoino (SP); o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares; e o ex-secretário-geral Silvio Pereira, como núcleo central do esquema.

Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genuíno e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa. O voto do relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto por Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles foram acusados por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Em setembro do ano passado, saiu a primeira sentença do caso, quando a Justiça Federal condenou o advogado Rogério Lanza Tolentino, apontado como sócio do publicitário Marcos Valério, a sete anos e quatro meses de prisão, mais pagamento de 3.780 salários mínimos, pelo crime de lavagem de dinheiro.

Fonte: Terra
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