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Polícia

Não é atirador, é assassino, diz técnico da seleção de tiro

8 abr 2011 - 17h43
(atualizado em 9/4/2011 às 10h46)
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Luís Bulcão Pinheiro
Direto do Rio de Janeiro

Preocupado com a associação errônea que a população pode fazer entre o homem que matou 12 estudantes em uma escola do Rio de Janeiro e os atiradores esportivos, o técnico da seleção brasileira de tiro esportivo, Sílvio Aguiar, manifestou nesta sexta-feira descontentamento com o termo "atirador" para identificar o criminoso. "Essa pessoa não é um atirador como a mídia está apresentando, é um assassino com problemas psiquiátricos. Se uma pessoa matasse alguém em uma piscina, não iriam chamar ela de nadador", afirmou.

Imagens mostram frieza de assassino em escola de Realengo:

Veja como foi o ataque aos alunos em Realengo

Saiba quem são as vítimas do atirador da escola no Rio

Aguiar disse ainda que Wellington Menezes de Oliveira não precisava ter treinamento especial para manusear as armas que usou no ataque. "Ele atirou a queima roupa aleatoriamente. Se fosse alguém que fez mira a 50 m de distância e acertou todo mundo, estaríamos lidando com uma situação diferente", afirmou. De acordo com Aguiar, o speedloader, equipamento usado por Wellington para acelerar o recarregamento dos revólveres, também é simples de ser usado. "Qualquer criança de 12 anos poderia aprender sozinha a usar o speedloader", disse.

O técnico afirmou ainda que as armas usadas para a prática do esporte são diferentes das utilizadas pelo assassino. "O esporte já tem severas restrições legais. Pagamos 130% de impostos sobre cada arma esportiva que importamos. São caras e de difícil acesso. Muito diferente desse armamento obtido ilegalmente utilizado por ele", disse.

Aguiar lembrou também que o atirador esportivo passa por testes psicológicos e técnicos rigorosos ministrados pelo Exército para poder obter licença. "É muito prejudicial porque as empresas querem nos patrocinar um esporte olímpico de visibilidade, mas acabam tendo restrições porque existe essa associação irreal", afirma.

Ana Luiza Mello, atiradora recém classificada para disputar as Olimpíadas de Londres pelo Brasil, também compartilha da opinião do técnico. "Não cabe fazer associação. O problema não foi índole. Ele poderia ter usado qualquer objeto para matar", disse.

Atentado

Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e, segundo a polícia, se suicidou logo após o atentado. O atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.

Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola quando foi acionado. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.

Fonte: Especial para Terra
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