Rebelião na Fundação Casa em SP termina com 10 feridos
- Simone Sartori
- Direto de São Paulo
Uma rebelião na unidade São Paulo da Fundação Casa, em Vila Maria, zona norte da capital paulistana, terminou com dois funcionários e oito adolescentes feridos sem gravidade. Por volta das 17h desta quarta-feira, 54 dos 56 adolescentes da unidade se rebelaram, ateando fogo em colchões na quadra de esportes e quebrando cadeiras e carteiras, fazendo 12 reféns. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar foram chamados para controlar o tumulto.
"Não houve agressão. Eles trancaram a gente numa sala", disse a professora Daniela Machado, 25 anos. Conforme a assessoria da Fundação Casa, a PM negociou com os adolescentes, que se renderam por volta das 19h50. A representante comercial Irailma Gomes de Lima, mulher do coordenador da equipe de monitores, disse que viu o marido ferido pela televisão e foi até o local. "Faz tempo que ele trabalha aqui e isso nunca aconteceu. Não sei o que houve", disse ela.
O corregedor-geral da Fundação Casa, Jadir Pires de Borba, negou a existência de armas entre os jovens e disse que os prejuízos serão avaliados. "Não havia nenhum indicativo para o início da rebelião. A unidade não está superlotada e não haveria motivos de recrudescimento. Os adolescentes já passaram por uma revista e o local será avaliado", afirmou.
Será instaurada uma sindicância para apurar os fatos. A Fundação Casa confirmou que houve um princípio de tumulto em outra unidade de Vila Maria, mas foi controlado.
Júlio Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Entidades em Assistência e Educação de Crianças, Adolescentes e Famílias do Estado de São Paulo (Sitraemfa), afirmou que mais funcionários além do divulgado sofreram ferimentos moderados e escoriações. Ele não soube precisar o total, mas disse que "mais de quatro" funcionários se feriram.
Conforme Alves, a situação de trabalho nas unidades da instituição no Estado é "hostil". "O ambiente é tão hostil que existe hoje 1,2 mil funcionários afastados por problemas psicológicos", disse. Segundo ele, há denúncias de assédio moral de internos contra monitores. Alves afirmou que o sindicato vai se reunir para cobrar atuação do Ministério Público na fiscalização ao ambiente de trabalho.