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Política

Jean Wyllys sobre Bolsonaro: estou me lixando para a mentira

30 mar 2011 - 20h11
(atualizado às 20h46)
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O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ), que protocolou com outros colegas uma representação na Corregedoria da Casa contra o parlamentar Jair Bolsonaro (PP-RJ), se irritou nesta quarta-feira com mais uma declaração polêmica do deputado. "Ele diz que está se lixando para o movimento gay. Eu estou me lixando para a justificativa dele, estou me lixando para a mentira e para o que ele tenha usado para se safar", disse.

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa realizou um ato de protesto contra as declarações no Rio
A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa realizou um ato de protesto contra as declarações no Rio
Foto: Marcus Prado / Futura Press

Ao chegar ao Palácio do Planalto para o velório do ex-vice-presidente José Alencar, Bolsonaro desdenhou da repercussão entre o movimento pelos direitos dos homossexuais de sua sequência de declarações consideradas racistas e homofóbicas. No programa CQC, da TV Bandeirantes, veiculado na segunda-feira, em resposta à cantora Preta Gil, que perguntou ao deputado o que ele faria se seu filho se apaixonasse por uma mulher negra, Bolsonaro disse: "Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu". No entanto, o deputado afirmou em nota divulgada na terça-feira que entendeu errado a pergunta e achou que a artista se referia a uma relação homossexual.

"Não adianta ele mentir dizendo que confundiu. Não há termo de confusão entre 'mulher negra' e 'filho gay'", afirmou Wyllys. Para o deputado, Bolsonaro está investindo contra os homossexuais para tirar a atenção da declaração racista ao programa. "Ele quer desviar a atenção da mídia. Ele quer polemizar com o movimento gay para desviar o foco. Ele está com medo do movimento negro porque ele praticou racismo e vai pagar por isso", afirmou. Ao contrário do racismo, ofensa a homossexuais ainda não é considerada crime pelas leis brasileiras.

"Ele é um hipócrita. Fala em nome da família, mas ele está se lixando - para usar uma expressão dele - para as famílias de homossexuais. Mães e pais que estão neste momento feridos, ofendidos", disse. Apesar de alegar não ser homofobico, Bolsonaro disse também acreditar que "o Estado brasileiro não pode apoiar esse tipo de comportamento que atenta contra a família e o lar dos brasileiros", se referindo a programas federais voltados para a população LGBT.

Parlamentar critica 'seguidores' de Bolsonaro

O deputado também criticou quem "compra e vende" as ideias de Bolsonaro e quem usa a internet para disseminar mensagens inclusive mais graves que as do deputado. "As pessoas tem ódios, rancores, preconceitos adormecidos. Quando aparece uma figura como Bolsonaro para despertá-los, pronto", disse. "Agora ele virou uma caricatura porque ele se expõe. Ele é o inimigo público, ele se coloca publicamente. Mas tem gente que pensa como ele e é covarde, se esconde no anonimato", afirmou.

Questionado se já tinha estado com Bolsonaro, Wyllys afirmou que quer distância do parlamentar. "A gente se cruza aqui (Câmara), mas eu não quero nem chegar perto desse homem. Depois que eu descobri que ele empurrou a (ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos) Maria do Rosário em pleno Salão Verde e a chamou de vagabunda, eu temo que ele me dê um murro na cara", disse.

O parlamentar afirmou ainda ter acionado seu advogado para apurar as falas de Bolsonaro ao CQC - porque "ele é injusto, mas eu não", justificou - e, quando recebeu a confirmação da defesa de que as declarações eram racistas, resolveu entrar com a representação da Corregedoria da Casa. Uniram-se a Wyllys os deputados Brizola Neto (PDT-RJ), Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), e outros 19 parlamentares "que se sentiram ofendidos e representam grupos ofendidos" por Bolsonaro.

Conforme Wyllys, o próximo passo é recolher a assinatura dos presidentes dos partidos para entrar com uma representação contra o parlamentar também no Conselho de Ética da Casa. "Eacismo é um crime e configura-se quebra de decoro parlamentar. Com quebra de decoro, ele pode ser cassado", disse. O grupo ainda pediu ao PP para que Bolsonaro seja destituído da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

Fonte: Terra
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