Após vídeo, Jaqueline Roriz deixa comissão de reforma política
O PMN aceitou nesta quarta-feira o pedido da deputada Jaqueline Roriz (DF) para substituí-la na comissão de reforma política, segundo a Agência Câmara. Mais cedo, a deputada havia enviado um pedido para deixar o grupo. O pedido foi feito após a divulgação de um vídeo em que ela recebe dinheiro das mãos do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa, delator do escândalo do mensalão do DEM. Os maços supostamente são resultado de propina. Na carta, a parlamentar, filha do ex-governador Joaquim Roriz, não fez menção direta à gravação.
O partido já indicou seu líder, Fábio Faria (RN), para ocupar a vaga, e o deputado Dr. Carlos Alberto (RJ) como suplente. O vídeo faz parte das imagens do suposto esquema de distribuição de propina no governo do Distrito Federal, que levou à queda do governador José Roberto Arruda. A deputada aparece ao lado do marido, o empresário Manoel Neto, responsável por colocar um maço de notas de R$ 50 em uma mochila. No mesmo ano em que a gravação foi feita, Jaqueline era candidata e se elegeu deputada na Câmara Distrital de Brasília.
Mais cedo, segundo a Agência Câmara, ainda nesta quarta-feira, a Corregedoria da Câmara dos Deputados disse que acompanha as denúncias contra a política. Já o PMN, partido ao qual Jaqueline é filiada, divulgou nota informando que vai aguardar as providências da Câmara sobre o assunto.
Confira na íntegra a carta encaminhada à Secretária Nacional do PMN:
Quando pleiteei uma vaga para o Partido da Mobilização Nacional, na Comissão Especial da Reforma Política, no colégio de líderes da Câmara dos Deputados, o fiz com a convicção de que o nosso PMN e seus militantes têm uma valorosa contribuição a dar a essa comissão.
A reforma política é necessária e essencial para o avanço da democracia no Brasil, para o seu aperfeiçoamento e para toda a classe política. O atual modelo é falho e precisa ser revisto com a maior brevidade possível.
Aprendi que os interesses da sociedade, de um grupo político, devem prevalecer acima de qualquer interesse individual ou vontade pessoal e, neste contexto, solicito a minha substituição na Comissão Especial representando o PMN.
Continuarei contribuindo com propostas que façam com que o País encontre mecanismos eleitorais ainda mais democráticos, que ajudem a minimizar as injustiças sociais do nosso Brasil.
Brasília, 9 de março de 2011
Deputada Federal Jaqueline Roriz
Presidente do PMN do Distrito Federal.
Entenda o caso
O mensalão do governo do DF, cujos vídeos foram divulgados no final do ano passado, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.
O então governador José Roberto Arruda aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em pronunciamento oficial, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados".
As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.