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Polícia

RJ: mãe de assassina pede perdão ao pai de Lavínia

5 mar 2011 - 03h48
(atualizado às 03h52)
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Desde quarta-feira, o rosto da dona de casa Neide Reis reflete seu desespero. No peito, ela carrega a dor de a filha, Luciene Reis, ter confessado um dos crimes mais brutais já ocorridos no Rio de Janeiro: o assassinato da menina Lavínia Azeredo, 6 anos. Nessa sexta-feira, Neide fez um desabafo emocionado e pediu perdão ao pai da criança, Rony dos Santos Oliveira.

"Queria que ele me perdoasse por tudo. E que Deus possa perdoá-la por tudo o que fez. Rony é uma pessoa excepcional e não merece nada do que ela fez com ele. Sou mãe e sei a dor que ele está sentindo. Foi uma crueldade muito grande. Mas peço ao Rony que deixe tudo na mão de Deus e não permita que ninguém faça justiça com as próprias mãos", suplicou.

Neide contou que o relacionamento de Luciene e Rony, que durou uma ano e três meses, sempre foi conturbado e marcado por brigas e ciúme por parte da filha. "Eles brigavam todos os dias, mas ela ficou obcecada por ele. Acho que faria tudo de novo. Não sei se foi vingança ou outro motivo. Mesmo depois de presa, dizia que sentia a falta dele. Nunca vi algo assim, parece doença", afirmou.

Por ironia do destino, Rony era muito cuidadoso com as três filhas da mulher que tirou a vida de sua única filha. "Ele era como um pai, cuidava delas com carinho e não deixava a Luciene brigar com as meninas. Foi Rony quem tirou ela da lama. Pagava o aluguel, gostava de ajudar e comprava presentes e lápis para elas desenharem", contou Neide.

Segundo a mãe da assassina confessa, desde os 11 anos Luciene dava problemas à família. "Ela era rebelde, geniosa, nunca aguentou desaforo. Fugiu de casa várias vezes. Não sei como, na hora de matar a menina, não passou pela cabeça dela a imagem de suas três filhas. Não consigo entender como ela pôde fazer isso. Pensei que conhecesse minha filha", lamentou.

O medo de vingança também ronda a casa onde Neide mora com as três filhas de Luciene. "Ameaçaram pegar minhas netas e fazer a mesma coisa que aconteceu com a Lavínia. Tive vontade de pegar as crianças e ir para longe, mas não tenho condição. Estou protegendo elas como pintinhos debaixo de minhas asas. O que será das minhas netinhas?", indagou, assustada. Com a mãe na cadeia, as meninas estão sob os cuidados da avó, que também está recebendo a ajuda de amigos e vizinhos.

Buscas a pistas de suspeito que colaborou com Luciene
Em depoimento à 60ª DP (Campos Elíseos), Luciene disse que teve a ajuda de uma pessoa para entrar na casa onde a criança morava com os pais, no Parque Fluminense, em Caxias, por volta das 5h de segunda-feira.

O delegado-adjunto Luciano Zahar confirmou que investiga a informação e aguarda a quebra de sigilos telefônicos. "A autoria do homicídio está mais que esclarecida, por meio de vídeos inclusive, mas há dados relevantes no depoimento de Luciene, caso contrário o inquérito já teria sido remetido ao Ministério Público", explicou. Os depoimentos da mãe, do pai e dos avós da menina Lavínia foram marcados para dia 14.

Indignada com a crueldade da filha, Neide Reis confirmou que uma pessoa ajudou Luciene. "Essa pessoa deve ter consciência porque minha filha é culpada, mas não está sozinha nessa história", disse. Por recomendação da polícia, Neide preferiu manter a identidade do suspeito em sigilo: "não posso falar quem é".

"Para chegar ao ponto em que chegou ela teve ajuda", afirma avô
Avô paterno de Lavínia, o aposentado Adão do Carmo de Oliveira também acredita que Luciene teve ajuda para entrar na casa. "Para chegar ao ponto em que chegou, ela teve ajuda. Não tinha como ter acesso, tem que subir dois lances de escada", disse ele, acrescentando que não sabia que o filho tinha amante.

Quando a família soube do sumiço de Lavínia e o filho apontou Luciene como suspeita, Adão foi até a casa dela em busca da neta. O avô chegou a oferecer dinheiro à amante do filho. "É dinheiro que você quer? Eu consigo pra você", disse.

O padrinho da menina, Rogério Oliveira, contou que, dias antes do crime, Luciene foi vista rondando a casa da família. "Ela foi de uma frieza muito grande", afirmou.

Ameaças forçaram a transferência
Temendo que Luciene Reis Santana fosse agredida por outras presas ou até por moradores de Magé, o delegado José de Moraes Ferreira, da 65ª DP (Magé), onde fica a cadeia feminina da Polinter, pediu a transferência da assassina confessa de Lavínia. A criminosa foi levada sob escolta para a Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.

De acordo com o agente Antônio Carlos Ferreira, que estava de plantão na Polinter, apesar de só ter ficado menos de 12 horas em Magé, Luciene correu "real perigo de vida".

"A maioria das 184 presas ficou enlouquecida quando soube ela tinha vindo para cá. Começaram a forçar as grades aos gritos de 'joga essa vagabunda covarde nas nossas mãos', 'vai morrer' e 'assassina'. Elas nem dormiram", revelou Ferreira, ressaltando que a criminosa ficou o tempo todo separada, numa cela conhecida como "seguro".

A polícia também descobriu que um grupo de moradores estava se organizando para invadir a carceragem e linchar Luciene. "Até os policiais passaram a ficar com a segurança em risco. Nunca vi uma revolta tão grande contra uma pessoa", disse Ferreira.

Segundo o agente, Luciene não falou nenhuma palavra enquanto esteve na Polinter de Magé. Em Bangu, onde foi atendida pelos serviços social e de psicologia da Secretaria de Administração Penitenciária, ela também é mantida numa cela separada.

Dona Neide Reis pediu perdão ao pai da menina assassinada pela filha Luciene
Dona Neide Reis pediu perdão ao pai da menina assassinada pela filha Luciene
Foto: Paulo Araújo / O Dia
Fonte: O Dia
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