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Política

Guitarra, jiu-jitsu e Carnaval marcam novo ministro Luiz Fux

3 mar 2011 - 17h49
(atualizado às 18h08)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

Ex-guitarrista e faixa preta de jiu-jitsu, o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, 57 anos, nasceu em uma comunidade judaica no bairro do Andaraí, Rio de Janeiro. Usa ternos desde os 14 anos quase que diariamente para atividades voltadas ao Direito.

De uma família de exilados de guerra - os avós fugiram separadamente da perseguição nazista e se reencontraram no Brasil - o descendente de romenos e mais novo ministro da Suprema Corte foi officeboy na empresa do pai e, amante das folias de Carnaval, participava de diversos blocos de rua. Certa vez desfilou com uma gravata na cabeça por cerca de 7 km: do Catete até o tradicional bloco Cordão da Bola Preta, no centro da capital fluminense.

Conhecido como Beckenbauer por professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o novo ministro foi comparado ao meio-campo alemão -mas não exatamente por suas habilidades no futebol. "O Beckenbauer era um meio de campo que distribuía bem a bola na seleção alemã. Ele (um professor) dizia que eu sentava no meio da sala para distribuir cola para os alunos", disse Fux em depoimento para o projeto Faculdade de Direito da Uerj: 70 Anos de História e Memória.

Os prêmios conquistados pelo novo ministro em maratonas da faculdade - um deles equivalente a cerca de R$ 1 mil nos dias de hoje - eram divididos com os amigos. "Gastei tudo em chope com os colegas", disse ele no mesmo depoimento à universidade.

Embora fosse apenas um adolescente em 1968, auge do recrudescimento do regime militar e período de assinatura do AI-5, Fux cursou a Direito em meio aos anos de chumbo. Ele se recorda de um de seus professores ironizar os órgãos de repressão no início de cada aula. "Boa noite, pessoal do Dops. Boa noite, pessoal do SNI. Vocês estão trabalhando, mas eu também estou. Vamos começar a aula".

Favorável a votos com linguagem mais simplificada - padrão não utilizado atualmente no STF ¿ Luiz Fux acredita no ditadismo da explicação dos magistrados em um julgamento. Nunca escreveu um voto e prefere apenas um breve sumário com os principais pontos de seu entendimento. "Essa metodologia de ficar lendo, ninguém presta atenção, ninguém aguenta. A pessoa gosta de saber por que foi acolhida, por que foi rejeitada e da forma mais simples do mundo", disse.

Por volta dos 20 anos de idade, o hoje 11º ministro do STF tocava guitarra no grupo The Five Thunders e se recorda até de ter feito o show de abertura da cantora baiana Daniela Mercury, então em início de carreira. Atualmente abandonou os palcos "porque a liturgia do cargo de magistrado exige um certo comedimento".

Ex-advogado da Shell, Fux se diz uma pessoa "de muita fé". Acredita que "a Justiça tem que ser caridosa e a caridade tem que ser justa". Em tempos em que um ministro recentemente cobrou de outro que fosse "às ruas" ouvir os anseios da população, o novo magistrado defende como juiz ser "preciso estar atento às aspirações do povo".

Carreira na magistratura tem três décadas
Fux concluiu a graduação em 1976 e o doutorado em Direito Processual Civil em 2009, ambos pela Uerj, onde integra o quadro de professores. Ele ocupou ainda o cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nos últimos dez anos. No entanto, sua história na magistratura já dura três décadas e teve início quando foi aprovado em primeiro lugar no concurso para juiz do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Ocupou também os cargos de juiz eleitoral e de juiz do Tribunal de Alçada do Rio de Janeiro, e foi promovido a desembargador do TJ-RJ. Antes de ingressar na magistratura, atuou no Ministério Público como promotor, aprovado em primeiro lugar em concurso.

O ministro é autor de mais de 20 livros de Direito Processual Civil e, mais recentemente, presidiu a comissão do Congresso Nacional que elaborou a reforma do novo Código de Processo Civil.

Ele é o quarto ministro do STJ a ser indicado para a Suprema Corte, e foi antecedido pelos ministros Carlos Velloso, Ilmar Galvão e Carlos Alberto Menezes Direito (falecido). Outros seis ministros do antigo Tribunal Federal de Recursos, que deu origem ao STJ, também ocuparam cadeira no Supremo.

Luiz Fux tomou posse e STF ficou completo com 11 ministros
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Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF / Divulgação
Fonte: Terra
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