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Polícia

Rio: ex-chefe de polícia é indiciado por violação de sigilo

17 fev 2011 - 19h39
(atualizado às 21h19)
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Luís Bulcão Pinheiro
Direto do Rio de Janeiro

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Allan Turnowski foi indiciado nesta quinta-feira pela Polícia Federal na Operação Guilhotina por violação de sigilo funcional. Se condenado, ele pode pegar até seis anos de prisão, além de multa.

O delegado chegou nesta tarde ao prédio da Superintendência da Polícia Federal (PF), na zona portuária da capital fluminense, para prestar depoimento. Ele é suspeito de ter vazado informações sobre a Operação Guilhotina, desencadeada na última sexta-feira e que resultou na prisão de 38 pessoas, incluindo policiais civis e militares.

Turnowski afirmou que o indiciamento foi injusto. "Fui acusado por todos sem que tivessem apresentado prova alguma". O ex-chefe de polícia afirmou ter se defendido de três acusações. Duas delas, veiculadas na imprensa, por supostamente receber R$ 100 mil mensais de propina de vendedores de produtos piratas e R$ 500 mil mensais para proteger milicianos.

O delegado se disse "massacrado" na última semana. "Eu gostaria que a sociedade pensasse se é isso que ela quer dos meios de comunicação. Foi um sofrimento para mim, para a minha família e para os meus amigos. Que isso nunca se repita com outros inocentes", afirmou.

A terceira acusação a que Turnowski se referiu é em relação ao suposto vazamento de informações da Operação Guilhotina, pela qual foi indiciado. O delegado alega não ter tido ciência da operação. "Fui indiciado por ter vazado informações que teriam me sido passadas pela Secretaria de Segurança. Mas fizeram isso sem que tivessem ouvido o secretário", afirmou.

De acordo com ele, o secretário José Mariano Beltrame confirmou, em conversa telefônica autorizada durante o depoimento, que não o havia informado da Operação Guilhotina. Em nota, a Secretaria de Segurança afirmou que Beltrame ligou para Turnowski ao ser informado pela PF que policiais civis estavam extorquindo um traficante no Complexo do Alemão e cobrou providências do então chefe de polícia. "Em nenhum momento, o secretário Beltrame mencionou a Operação Guilhotina", diz o comunicado.

Turnowski depôs por pouco mais de três horas, sem estar acompanhado por advogado. Ele afirmou ter provado sua inocência e que seu indiciamento depende apenas da palavra de Beltrame para ser revogado. À noite, o inquérito foi lacrado e encaminhado ao Ministério Público.

A saída de Turnowski
A saída de Allan Turnowski ocorreu dias após a operação Guilhotina, da Polícia Federal (PF), fazer uma devassa na Polícia Civil e prender 38 pessoas, entre elas o ex-subchefe da corporação, Carlos Oliveira. No domingo, Turnowski determinou que a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (Draco-IE) fosse lacrada para a apuração de supostas denúncias de extorsão.

A Draco é comandada por Claudio Ferraz, homem de confiança de Beltrame. Desde a semana passada, a delegacia não pertence mais aos quadros da Polícia Civil. No Diário Oficial, foi publicado que a delegacia ficaria sob a responsabilidade da Secretaria de Segurança e colaboraria com a Corregedoria Geral Unificada (CGU) nas investigações de desvios de conduta de servidores públicos.

Turnowski negou que a devassa na Draco fosse uma represália a Ferraz, que admitiu ter colaborado nas investigações da operação Guilhotina. No entanto, a decisão pela saída ocorreu durante "uma longa conversa" na manhã de terça-feira com Beltrame, "após os dois concluírem que esta seria a decisão mais adequada para preservar o bom funcionamento das instituições", disse a secretaria em nota.

Operação Guilhotina

Os trabalhos da PF começaram após vazamento de informação na operação Paralelo 22, cujo principal objetivo era prender o traficante conhecido como Rupinol, que atuava na favela da Rocinha ao lado do traficante Nem. A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da Secretaria de Segurança do Rio e outra da Superintendência da PF no Estado. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições, segundo a PF, culminou na operação.

Ela foi deflagrada pela PF na manhã de sexta-feira, com o apoio de 200 agentes da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e do Ministério Público Estadual (MP-RJ). Os agentes prenderam mais de 30 suspeitos.

Turnowski foi indiciado pela PF
Turnowski foi indiciado pela PF
Foto: João Laet / O Dia
Fonte: Terra
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