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Polícia

Chefe de ação que prendeu 29 policiais achou R$ 39 mil no Alemão

13 fev 2011 - 08h40
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O delegado federal Allan Dias, transferido para o Rio de Janeiro há cinco meses para combater a corrupção em duas delegacias especializadas da Polícia Civil carioca, coordenou uma apreensão de dinheiro de R$ 39 mil nas operações no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, em novembro de 2010.

"Eu estava lá no Alemão. De colete, fuzil e pronto para o trabalho. Também gosto daquilo. Mas nós fomos lá, achamos fuzis e apreendemos R$ 39 mil e objetos de ouro. E ninguém achou dinheiro, nada?", questionou Dias, em referência às apropriações cometidas por policias corruptos durante as ações na região.

Dias afirmou que trabalho na Operação Guilhotina deve acabar ao longo desta semana, quando ele irá finalizar o relatório das ações que, até este domingo, haviam prendido 29 policiais.

Ele e outros oito agentes passaram o sábado na sede da Polícia Federal, fazendo a análise de documentos e de armas apreendidas - há um fuzil, pistolas, carregadores e uma granada. "O trabalho continua. Estamos reunindo mais provas e pode ser que ocorram novas prisões", disse.

Allan Dias explica que o próprio Chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, teve seu nome citado. Em um dos depoimentos, uma testemunha afirma que R$ 200 mil eram enviados para o gabinete do 12º andar. Por isso, ele foi o primeiro a depor, ainda na manhã de sexta-feira, na condição de testemunha. "Ele foi ouvido em termo de declarações, para dar sua versão sobre o que imputavam a ele. Mas nada foi imputado a ele, como imputei a outros que estavam em conduta delitiva", afirmou, referindo-se aos indiciados.

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que não vai proteger Turnowski durante a investigação. "Nem o doutor Allan, nem ninguém que trabalha comigo tem carta branca".

Policiais comparam saques a garimpo

Numa das conversas gravadas pela PF, dois policiais falam sobre os saques cometidos no Alemão, que um deles compara à corrida pelo ouro no garimpo de Serra Pelada, nos anos 1980, no Pará. "Naquele momento eles se perderam. Começaram a oferecer vantagens, vender coisas arrecadadas lá dentro. Fizemos o monitoramento de tudo isso também. Eles chamaram de Serra Pelada, eu chamo de 'galinha dos ovos de ouro'", diz Allan Dias.

O delegado destaca outro grampo, no qual policiais da 17ª DP (São Cristóvão) decidem como retirar R$ 2 milhões encontrados numa casa. "Se fosse dentro da legalidade, para que esperar para tirar o dinheiro à noite?", argumenta Dias.

"Depoimentos contundentes"

Allan Dias ressaltou a colaboração de três testemunhas cujos depoimentos foram "contundentes" e teriam sido confirmados com outras provas colhidas ao longo da investigação, entre elas o grampo telefônico.

"As testemunhas foram importantíssimas. Mas demos continuidade ao trabalho para levantar provas. E não ficamos aqui só ouvindo telefone. Filmamos, fizemos todo tipo de monitoramento autorizado pela lei", afirma o delegado da PF, negando que as duas testemunhas que acusam o grupo de milicianos da Praia de Ramos e Roquette Pinto sejam ex-traficantes da comunidade. "Não temos nada contra eles no levantamento", afirmou.

Duas testemunhas entrarão em um programa de proteção, enquanto a outra - um ex-informante da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) - está presa num presídio de segurança máxima fora do Rio de Janeiro.

Fonte: O Dia
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