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O sucesso da Dilma é o meu sucesso, diz Lula em festa do PT

10 fev 2011 - 20h15
(atualizado às 21h21)
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Claudia Andrade
Direto de Brasília

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso realizado nesta quinta-feira no evento em comemoração dos 31 anos de criação do PT, disse que sua relação com a presidente Dilma Rousseff é "indissociável", em resposta aos que apontam diferenças entre o seu governo o atual.

"Eu apenas não estou no governo, mas eu sou governo tanto quanto qualquer outro que está no governo. O sucesso da Dilma é o meu sucesso, o fracasso da Dilma é o meu fracasso. A minha relação com a Dilma é indissociável, nos bons e nos maus momentos", disse o ex-presidente.

"Se a grande desconstrução que querem fazer é falar bem do governo Dilma, então eu posso morrer feliz", acrescentou o agora presidente de honra do PT.

O assunto também foi abordado pelo presidente do partido, José Eduardo Dutra, que negou a existência de um "dilmismo" e um "lulismo". E destacou que o governo Dilma é uma continuidade do governo de seu antecessor.

"Existem setores que têm interesse em desconstruir o presidente Lula e ficam criando situações de uma dicotomia, um conflito entre lulismo e dilmismo. Não há isso, o governo Dilma é de continuidade e aprofundamento das mudanças. Agora, é claro que os estilos, as personalidades e os sexos são diferentes", disse.

A presidente Dilma Rousseff chegou ao final da cerimônia, partiu o bolo de aniversário do partido, mas não discursou.

Mensalão

Lula também relembrou os problemas enfrentados pelo partido em 2005, ano do escândalo do mensalão, o suposto esquema de pagamento de mensalidade a deputados da base aliada em troca de apoio político. "A história há de mostrar que não houve campanha mais infame contra um partido do que a campanha de 2005", disse.

Presente ao evento, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos acusados de participação no esquema, foi questionado se o escândalo já era assunto encerrado. Ele negou e disse que ainda quer ser julgado. "Precisamos do julgamento. Eu quero ser julgado, não quero que prescreva, quero que julgue antes. Eu confio no Supremo (Tribunal Federal), na Justiça, enfrentei esses cinco anos de peito aberto", disse.

'Causos'

Em seu discurso, Lula também afirmou que pretende criar um memorial das lutas sociais no Brasil. "Será para contar a história como ela foi e não como a elite nos contou a vida inteira. O ideal seria chamar nossos companheiros pra tomar uma cerveja e contar causos, pra gente fazer um memorial de história vivas", disse.

E "causos", o ex-presidente contou muitos ao longo de sua fala, arrancando risos da audiência petista em vários momentos. Um deles ao lembrar de seu início no PT, na década de 80, quando os "companheiros de esquerda" iam procurá-lo no sindicato dos metalúrgicos para traçar táticas e estratégias. "Eu não sabia o que era isso", afirmou.

Depois, Lula disse que soube de uma história peculiar: "Que história é essa de um militante revolucionário ter duas namoradas. Não, é que uma é tática, a outra, estratégia".

Sobre a disputa pela Presidência da República, em 1989, Lula disse que, ao ouvir a proposta, não acreditou. "Eu fui pra casa achando que era brincadeira, sabendo que do outro lado tinha Ulysses Guimarães, Mario Covas, tinha até Ronaldo Caiado".

A incerteza teria aumentado ao saber de uma pesquisa segundo a qual as intenções de voto no então novato Lula tinham caído de 3% para 2,75%. "Já não tem dinheiro, ainda ficar devendo voto pro Ibope? Vou parar por aqui, pra quê vou disputar a Presidência?".

O ex-presidente disse então que não reclamava por ter perdido três eleições. "Foi o tempo necessário pra eu me calejar, calejar o partido, ganhar as eleições de 2002 e fazer um governo exitoso", afirmou.

Ele ainda exaltou as conquistas da população de baixa renda no seu governo. "Vocês não sabem o prazer que eu sinto vendo pobre voando de avião (...) Não tem mais carro velho na rua. Antes era congestionamento de Brasília velha quebrada, agora é de carro novo", disse.

E deu um alerta: "Os governantes de lugar que enche, que alaga, que me desculpem, porque o pobre vem aí, cada vez mais exigente".

Ao lado de Dilma, Lula comemora aniversário do PT apagando vela de bolo
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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Fonte: Terra
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