Polícia encontra mansão de traficante em condomínio no Rio
A Polícia Civil localizou nesta terça-feira, em Santa Teresa, zona sul do Rio de Janeiro, a mansão de um traficante apontado como um dos principais fornecedores de cocaína da capital fluminense. Identificado como Ju, ele abastecia os morros da Fallet, Fogueteiro, Prazeres e Escondidinho, segundo a polícia.
Segundo agentes da 6ª DP (Cidade Nova), o imóvel tem três andares e fica na rua 9, dentro de um condomínio de classe média conhecido como Chácara. Na casa, os agentes se surpreenderam com o luxo dos objetos e da decoração. A casa contava ainda com piscina, terraço, churrasqueira e paredes adornadas com mármore.
A libertação de um condomínio tradicional
A ocupação das nove favelas do Estácio, Catumbi, Rio Comprido e Santa Teresa pela polícia, para a instalação de mais Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) trouxe alívio para cerca de 600 famílias que, no fim dos anos 60, se reuniram em busca do sonho de viver em um refúgio tranquilo perto do Centro. Há pelo menos uma década, no entanto, a paz no condomínio Chácara virou pesadelo, com um desfile de traficantes armados com fuzis em carros e motos roubadas. Criado no dia 22 de julho de 1967, conforme registra a ata do condomínio, a Chácara fica na subida para Santa Teresa. Aos poucos, os moradores acompanharam o crescimento dos vizinhos morros dos Prazeres, do Fogueteiro e Escondidinho e a invasão dos criminosos.
"Eles passaram a não respeitar ninguém. Vendiam drogas, fumavam maconha na porta de qualquer um, faziam xixi no meio da rua, ouviam música alta. E tudo ficou pior depois do início da instalação das UPPs, porque bandidos de outras áreas vieram pra cá", disse um aposentado morador do local desde a construção das primeiras casas.
Um passeio pelo condomínio mostra um pouco do drama dos últimos anos e do sentimento atual. "Só 5% das pessoas continuavam pagando a taxa de condomínio, que é de apenas R$ 10", disse Fátima Cordeiro, secretária da administradora da Chácara. Moradores admitem ter parado de pagar. "O lugar ficou completamente abandonado, à mercê de criminosos que faziam o que queriam", disse um deles.
Traficantes dos morros Fallet e Fogueteiro teriam passaram a morar dentro da Chácara. Um deles, identificado como Xuxa Gordo, teria feito sua mudança de lá há poucos dias, fugindo da UPP.
Proprietários das confortáveis casas nas ruas de paralelepípedo do condomínio viram seus imóveis se desvalorizar. Um motorista, por exemplo, paga R$ 450 de aluguel em uma casa de três quartos - valor muito inferior à média do mercado na região. Uma residência de três andares, na rua Lírio Branco, está à venda por R$ 400 mil. Até domingo, não havia comprador. "Agora, com a UPP, talvez seja mais fácil", disse um corretor.
